quarta-feira, 19 de maio de 2021

Jornal Nacional revela suspeita de corrupção no governo Bolsonaro, envolvendo militares, na véspera de Pazuello depor na CPI

 

Reportagem revela contratos milionários da Saúde sob suspeita de fraude. Uma das empresas favorecidas fica em área de milícias. Militar que assinou contratos foi indicado por Pazuello

Jornal GGN – O Jornal Nacional divulgou na noite de terça-feira (18) a primeira grande reportagem indicando suspeita de corrupção envolvendo diretamente a gestão do presidente Jair Bolsonaro, com suspeita de participação de militares. A bomba caiu sobre o governo exatamente na véspera do depoimento do general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, à CPI da Covid no Senado.

Segundo a matéria, Pazuello indicou para a superintendência do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, em julho de 2020, um coronel que assinou dois contratos que juntos somam quase 30 milhões de reais. Com dispensa de licitação, as contratações visavam reformas, no meio da pandemia de Covid-19, em prédios ligados ao Ministério no Rio. Um deles, um galpão meio abandonado, que servia para guardar arquivos. Outro, a própria sede do Ministério no Estado.

No primeiro contrato, para o galpão, o valor envolvido era de 8,9 milhões de reais. Dois dias depois, o coronel George da Silva Divério, indicado para a superintendência por Pazuello, assinou o segundo contrato, de 19,9 milhões de reais, para reformar a sede do Ministério. Ambos usaram a pandemia para dispensar a licitação.

A empresa que seria favorecida pela contratação para reforma na sede do Ministério, a SP Locação e Serviços, pertence a Jean Oliveira e fica em Magé, uma área que, segundo o Jornal Nacional, é dominada pela milícia carioca. A empresa se auto-declara de pequeno porte, mas afirmou à reportagem ter condições de realizar a obra de quase 20 milhões de reais.

Curiosamente, o coronel Divério já havia firmado contratos públicos com dispensa de licitação em benefício da mesma empresa em outras três oportunidades, todas envolvendo a fábrica de explosivos da qual o militar era dono, disse o JN.

Além de ter usado a pandemia para fazer as contratações em caráter emergencial, Divério usou os mesmos argumentos no dois contratos. O JN analisou e afirmou ao público que era difícil de acreditar que as reformas eram mesmo urgentes.

No contrato de 8,9 milhões, para reforma no galpão, a empresa favorecida foi a LLED Soluções, cujos proprietários já estiveram envolvidos em outro escândalo por contratos firmados com as Forças Armadas.

De acordo com o JN, Celso Fernandes de Mattos e Fabio de Resende Tonassi, hoje donos da LLED, antes eram sócios na empresa CEFA-3. Em 2007, a empresa foi contratada por 3 milhões de reais para fornecer material de informática às Forças Armadas. Nada foi entregue. O contrato foi considerado uma fraude. Tonassi foi condenado em terceira instância. Recorre em liberdade.

A CEFA-3 está proibida, desde então, de celebrar contratos com o poder público, mas os mesmos donos burlaram a situação criando a LLED. Segundo o JN, eles “continuam apresentando as Forças Armadas como seus principais clientes”. Só no governo Bolsonaro, a LLED ganhou 4 milhões de reais em contratos. O processo da reforma do galpão é mantido em sigilo.

Ao final, o JN informou que os contratos assinados na pandemia formam anulados e enviados à Corregedoria-Geral do Ministério da Saúde, mas Advocacia-Geral da União quer que a investigação continue para “verificar indícios de conluio entre os servidores públicos e as empresas contratadas”.

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