Mostrando postagens com marcador táticas de manipulação. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador táticas de manipulação. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Bob Fernandes sobre a política, a mídia e a guerra da narrativa....


Bob Fernandes / A guerra da narrativa: corrupção ou cartel? Falta d’água ou crise hídrica?...





A Política é teatro. O cidadão, o povo, contracena. De vez em quando, raramente, se torna ator principal.

.
Por isso é tão feroz a disputa pela hegemonia da narrativa. A palavra, que liberta ou aprisiona as ideias, é condutora primordial da narrativa.
.
No Brasil, cada vez mais na Política, as narrativas buscam emparedar, castrar novas ideias, soluções e caminhos.
.
Muitos dizem "petista", ou derivados, como quem vomita. E na busca de intimidar quem seja intimidável.
.
Como muitos dizem "tucano" como se estivessem expelindo algo, e com intenção de enquadrar.
.
Nessa disputa pela narrativa terminam por aprisionar e encolher as palavras, a imaginação, as ideias.
.
"Austeridade" é expressão em voga aqui e mundo afora. Pelo mundo, "austeridade" significa não apenas, mas também, 100 milhões de desempregados desde a crise de 2008.
.
E uma conta de US$ 15 trilhões. Por isso, mesmo sem se saber no que vai dar, a ascensão do "Syriza", na Grécia e, talvez, do "Podemos" na Espanha.
.
"Syriza" e "Podemos" são rebentos do contubérnio da Crise com a Austeridade.
.
No Brasil, na disputa feroz pela hegemonia da narrativa, a corrupção de décadas, de séculos, é protegida por eufemismos. Como, por exemplo, "Cartel".
.
Já para os que são novos no ataque ao butim, o que vale é "quadrilha", ou "bando". Essa guerrilha pela hegemonia da narrativa se a cada palavra, a cada caso.
.
"Falta d´água", "seca", "racionamento", por exemplo, é coisa para o Nordeste.
.
Em São Paulo, no sudeste, o que se diz, mesmo com ameaça de uma tragédia social, é "crise hídrica" e "rodizio".
.
Quando é no nordeste se diz que a seca é arma de "coronéis que exploram o atraso". Em São Paulo, no sudeste, foi "São Pedro que não ajudou".
.
Amiga, amigo. Ainda mais em tempos de crise, atenção à narrativa.
.
Verifique se instituições, ou porta-vozes que vociferam e apontam o dedo, resistem a dois ou três cliques num site de busca.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Médico e professor universitário narra suas impressões sobre os "agitadores" nas manifestações

A tática dos extremistas da Direita



GIOVANO IANNOTTI: QUEREM PÔR UM CADÁVER NO COLO DA PRESIDENTA

Fonte: http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2013/06/24/querem-por-um-cadaver-no-colo-da-presidenta/

Neste sábado (22), minha mulher e eu fomos à manifestação ocorrida em Belo Horizonte na qualidade de médicos. Somos professores e vários de nossos alunos estavam presentes. Como já havíamos testemunhado a violência no ato da segunda-feira anterior, fomos preparados para atender possíveis vítimas, levando na mochila alguns elementos muito básicos para pequenos ferimentos e limpeza dos olhos irritados por gás.


Por Giovano Iannotti*, professor de Medicina

A manifestação foi tranquila durante todo o trajeto. Até mesmo a intolerância com militantes de partidos de esquerda foi pouco vista. Uma grande bandeira vermelha era orgulhosamente carregada e, salvo um ou outro, respeitada. Contudo, o clima começou a piorar quando a manifestação encontrou o cordão policial. Como tem ocorrido, a maioria aceitou o limite imposto, mas os provocadores instavam os moderados a enfrentarem a polícia. Parecem colocados estrategicamente entre o povo, porque se repartem em certo padrão e gritam as mesmas frases.

Como é sabido, eventualmente o conflito aconteceu. Retiramo-nos para a pequenina área verde que sobra naquele encontro entre as avenidas Abraão Caran e Antônio Carlos. E ali ficamos tratando sobretudo intoxicações leves e ferimentos superficiais causados por estilhaços e balas de borracha. Em um momento, fui chamado para atender um senhor ferido na cabeça. Fui correndo, mas ele já passara o cordão de isolamento da polícia. Identifiquei-me como médico aos policiais do governo de Minas Gerais e disse que poderia atender o senhor ferido. A resposta foi uma arma apontada contra meu peito. Pedi para falar com algum oficial, mas a PM recomeçou a atirar. Voltei para nosso pronto-socorro improvisado. De dentro do campus da UFMG começaram a atirar bombas de gás sobre nós que atendíamos os feridos e recuamos ainda mais, para o meio da Antônio Carlos.

Minutos depois, chamaram-nos com urgência informando que alguém caíra do viaduto José de Alencar. Quando chegamos, um jovem com o rosto sangrando estava sofrendo uma pequena convulsão. Fizemos a avaliação primária e, na medida em que surgiam problemas, tratávamos da melhor forma possível. Aquele paciente precisava de atendimento avançado urgentemente, em um centro de trauma, mas a polícia não arrefecia. Aproximou-se de mim um sujeito com o rosto tampado por uma camiseta. Ele descobriu parcialmente a face e me disse no ouvido que era policial e que pediria que não atirassem para que pudéssemos evacuar a vítima (penso ter visto esse autodeclarado policial perto de mim, quando eu tentava falar com um oficial, e depois correndo ao meu lado. Se for a mesma pessoa, ele era um dos exaltados que instavam à violência). Chegaram algumas pessoas com camiseta vermelha, na qual se lia “bombeiro civil”. Eles nos ajudaram a improvisar uma maca com um cavalete da empresa de transportes e faixas de manifestantes. Algum tempo depois, por coincidência ou não, os tiros pararam e fomos, com dificuldade, levando a vítima em direção do cordão policial. Minha mulher ficou na barreira.

Quando passamos a barreira, vi uma ambulância parada a uns 20 metros. Gritei para os que ajudavam para que fôssemos para ela. Todavia, para meu horror, a polícia não permitiu. Disse que aquela viatura era somente para policiais feridos. Tentei discutir, mas vi que seria improdutivo. Disse a um oficial, então, que conseguisse outra. Não tínhamos muito tempo. Colocamos a vítima no chão, imobilizando sua coluna cervical e iniciei a avaliação secundária. Na medida do possível, limpamos o rosto ensanguentado do jovem e realinhamos os membros fraturados. Pedi aos policiais que, pelo menos, trouxessem equipamentos da ambulância “deles” para imobilização e infusão. Recusaram-se.

Esperamos um bom tempo até que uma ambulância do resgate do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais chegasse. O veículo praticamente não tinha nenhum equipamento. Somente a prancha, talas, colar cervical e oxigênio para ser usado com máscara. “Soro” não havia. Transferimos e imobilizamos o paciente. Nesse tempo, tentávamos descobrir para onde levar a vítima. Respostas demoravam a chegar. Pensamos no Mineirão, bem próximo de nós, mas primeiro disseram que era para torcedores e depois que não dispunha de centro de trauma. Fomos para o Pronto Socorro de Venda Nova, Risoleta Neves. Lá uma colega assumiu o tratamento do ferido.

Entrei em contato com minha mulher e ela me disse havia se juntado a meu irmão, que dois outros haviam caído do viaduto e que havia vários feridos, mas que eles não estavam conseguindo mais atender.

Mais tarde, quando os reencontrei no metrô de Santa Efigênia eles me contaram uma história de terror. Depois de me deixar com a primeira vítima, minha mulher se identificou aos policiais e disse que queria passar também para me ajudar. A polícia não deixou e ameaçou atirar nela. Como as agressões reiniciaram logo depois, ela ficou presa entre bombas e pedras, até que conseguiu fugir e retomar a antiga posição para socorro, no meio da Antônio Carlos. Foi quando encontrou meu irmão. Logo depois, receberam um chamado, avisando que outro rapaz havia caído. A situação clínica desse paciente era muito pior do que a do anterior. Não interessa escandalizar ou ofender com detalhes médico-cirúrgicos. Relato somente que o quadro que os dois descrevem é gravíssimo. A vítima não reagia, estava em coma, mas respirava e o coração batia. Meu irmão, sabendo da primeira experiência, correu para os policiais, desta vez um outro cordão formado na Antônio Carlos, levantando as mãos, agitando uma camisa branca e gritando que havia um ferido morrendo. Os policiais, vários, apontaram-lhe armas e gritaram para que ele fosse embora. Quando ele tentou avançar um pouco mais, os tiros começaram e ele correu em direção de minha mulher para ajudá-la.

Ali, ao lado da vítima, perceberam que a polícia atirava neles. Relatam que já não havia ninguém próximo. Somente a vítima, ele e minha mulher de jaleco branco. Os tiros e as bombas de efeito moral e de gás vinham com um único endereço. O deles. Ficaram o quanto aguentaram; mais não puderam fazer. Desesperados, tiveram que abandonar o rapaz que morria e buscar refúgio.

Depois, tiveram a notícia de que um terceiro homem caíra do mesmo viaduto. A cavalaria já estava em ação e não havia como atravessar a avenida para socorrer essa terceira vítima. Quando cheguei em casa, alguns alunos relataram que socorreram um homem que caíra do viaduto (perece que foram quatro, no total). Quando a polícia passou, eles conseguiram chegar à vítima e ficar com ela até que o SAMU chegasse.

Algumas ideias ficam em minha cabeça. Quem já conviveu com militares sabe na maioria das vezes reconhecer um por sua forma de agir, andar, cortar o cabelo e de falar. Sem leviandade, acredito que vários dos provocadores eram militares infiltrados. Vi o homem de rosto coberto dizer ser policial e que pediria para que os policiais alinhados dessem uma trégua e nos deixassem passar. Isso aconteceu. Outra imagem simbólica foi ver a tropa de choque da Polícia Militar de Minas Gerais dentro de uma universidade federal (deveria ser um território livre e sagrado da paz, da inteligência e da cultura) fechada para os estudantes. Da universidade vinham bombas que machucavam a juventude. Já ampliando o horizonte, o Itamaraty em chamas, a bandeira de São Paulo queimando, o Congresso quebrado, um governador sitiado em sua casa. Há que se ler nos símbolos e nos fatos. Amplie-se mais esse horizonte. Não se vê que os métodos são os mesmos usados nas “primaveras” árabes, em Honduras, no Paraguai, no Equador, na Venezuela e que começa também a ser usado na Argentina?

Nada há de espontâneo no que está ocorrendo e não é à toa que os meios de comunicação têm promovido e estimulado a agressividade e a multiplicidade de slogans e bandeiras. Não é verdade que não haja líderes nessas manifestações. Os líderes estão nas sombras, colhendo os frutos das últimas tecnologias. São discretos. Quem sabe o que são o Instituto Millenium, o instituto Fernando Henrique Cardoso, o Council on Foreign Relations, a Trilateral Commission, o Carnegie Council? Preparam o Brasil para a guerra global idealizada pelos think tanks? É essa a forma de chegar aos recursos naturais do imenso território brasileiro sem a mínima resistência de governos mais progressistas? Incomoda o acordo com a Rússia para a compra e desenvolvimento de armas?

Uma certeza: querem atacar a democracia. Em vez de atacar partido, tome partido. Você está sendo manipulado. Pelo que vi e vivi é certo que querem jogar um cadáver no colo da presidenta Dilma.

*Professor de Medicina

Curso básico de manipulação midiática, com traços de espontânea manifestação, no facebook (parte 2)

Parte 2

8. A associação maldosa da alma nacional com a criminalidade.
Dessa parte eu tenho até vergonha. Mas vamos lá.
“Ainda mais. O que você acha que vem com samba, festa e dança?”
Como brasileiro, vou tentar responder. Consigo pensar em alegria, congraçamento, companheirismo, papo alegre, piadas e gozações, cerveja, azaração (as mulheres brasileiras são bonitas — você é bonita por ser brasileira, não esqueça), e tantas outras atividades que combinam com a natureza alegre e festiva do brasileiro e que fazem nosso povo ser apreciado pelos estrangeiros. Aliás, em nossas festas sempre cabe mais um, e eles, em especial, são bem recebidos.
Agora você responde:
“Drogas.”
O quê?!
“E de onde você acha que essas drogas vêm? Adivinha. Os criminais (sic) não podem ficar muito longe.”
Por essa eu não esperava. Você associa “samba, festa e dança” a… drogas? Traficantes? Criminosos? Sempre?
E, vem cá, não dá para perceber um pouquinho de preconceito social nessa sua associação, Carla? Você não consegue imaginar um ambiente festivo epopular no Brasil sem drogas e sem crimes, é isso?
Procure conhecer mais sobre a falácia denominada “apelo a preconceitos”. Dê um google.
Depois resolva esse problema com a sua consciência moral. Continuemos.
9. As mentiras de Carla sobre as desapropriações.
“Tem mais. Muitas pessoas estão sendo expulsas das suas casas para dar espaço (sic) às Olimpíadas e à copa do mundo (sic), contra a vontade delas (sic). As casas estão simplesmente sendo marcadas todos os dias (sic) e sendo destruídas. É assim que está sendo feito. Essas pessoas não recebem segurança (sic), dinheiro, ou qualquer garantia, elas são simplesmente expulsas.”
Mais mentiras, Carla. Veja bem o que você escreveu: “Essas pessoas não recebem segurança (sic), dinheiro, ou qualquer garantia, elas são simplesmente expulsas“.
Jura que você pesquisou e procurou se informar? Jura que foi responsável ao divulgar essa informação para todo o mundo, falando em inglês? Se jurar, é falsa.
Há alguns problemas com as desapropriações, sim, mas em todas os cidadãos afetados recebem indenização pelo valor de mercado. Quando há conflito, o Ministério Público Federal entra em ação para defender os moradores. Bem longe, portanto, da situação de terra de ninguém que você sugere com sua descrição.
carla33
A prefeitura fornece assistência associal às pessoas desalojadas, visando a sua adaptação ao novo lar.
Algumas desapropriações estão sendo negociadas na Justiça desde 2009.
carla34
É absurdo espalhar irresponsavelmente para o mundo que elas são simplesmente expulsas, como se imperasse a barbárie no Brasil. Pega-se um monte de gente, despeja-se num lugar qualquer, e estamos conversados. Muitos espectadores estrangeiros do seu vídeo podem agir de forma tão irresponsável quanto você, passando adiante essa informação falsa sem procurar checar sua validade.
Nem preciso dizer que considerar alguns casos (ou seja, a exceção) como o procedimento padrão (ou seja, a regra), é um erro lógico primário.
10. O caso do Museu do Índio, no Rio.
“Índios brasileiros foram também expulsos do lugar que costumava (sic) ser a casa deles e o centro cultural indígena.
“Eles tentaram protestar, mas foram covardemente feridos por policiais com bombas, sprays de pimenta entre outras coisas (sic).
“Agora o centro cultural indígena vai ser transformado no museu do comitê olímpico (sic).
“Que tipo de democracia é essa?”
Mais uma encarada com a carinha zangada.
carla36

Decididamente, falta apego à verdade em seus relatos, Carla. Nem mesmo a amadora Wikipédia você consulta antes de expor fatos distorcidos.
O lugar que os 18 índios ocupavam eram o antigo Museu do Índio, no Rio de Janeiro. Em 2006, 20 índios ocuparam o prédio do Museu, inativo desde 1978, e lá formaram a chamada Aldeia Maracanã.
A desocupação à força, embora autorizada pela Justiça, foi um erro do governador Sérgio Cabral, sim (criticado pela ONU). Mas não há nenhuma previsão de construção de comitê algum no lugar. A demolição visa facilitar a mobilidade na área.
E este foi o único caso de conflito com indígenas por causa da Copa. A generalização apressada (“Que tipo de democracia é essa?”) também é uma falácia clássica, sabia?
11. As mentiras de Carla sobre os estádios e o emprego.
“Agora, não me entenda mal, eu acho que a copa (sic) e as olimpíadas (sic) são eventos ótimos, mas não são o que nosso país precisa agora.”
Quem disse que a Copa e as Olimpíadas são “o que nosso país precisa agora”? Já conversamos sobre o uso desse verbo. Depois, quem decide “o que a gente precisa”, Carla? Você, que está aí nos Estados Unidos (e parece conhecer muito pouco do que acontece aqui), ou nós?
“Olhem pras outras nações que sediaram a copa (sic), olhem para os custos para os custos de manter o que a gente construiu. Milhões, milhões por mês com o nosso (sic) dinheiro público.”
No vídeo, dois exemplos de desperdício: o centro de vôlei de praia em Pequim e o estádio para softball em Atenas. Duas andorinhas não fazem verão, mas para Carla dois exemplos definem uma argumentação.
“Dinheiro público” para manter o Maracanã? A Arena da Baixada? O Estádio Beira-Rio? O Mineirão? O Estádio Fonte Nova? Fale isso para os torcedores do Rio, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador. Alguém explique a ela, por favor, o óbvio ululante.
Segue-se uma brilhante ilustração do pensamento digital, o famoso raciocínio tico-ou-teco, ou isso ou aquilo, porque os dois juntos, impossível. Em Lógica, esse artifício se denomina “falso dilema” ou “falsa dicotomia”. É uma falácia clássica.
“A gente não precisa de estádios, a gente precisa de educação. A gente não precisa que o Brasil impressione o mundo, a gente precisa que os brasileiros tenham comida e saúde. A gente não precisa de mais festas, a gente precisa de pessoas com trabalhos (sic) e vidas sustentáveis (sic).”
Um-dois, isso-ou-aquilo, tico-ou-teco. Campeonato de besteiras, Carla?
Mentes de pessoas inteligentes conseguem ir além dessa falsa dicotomia, dessa ilusória imposição de escolha entre duas opções. Ou estádios ou educação.  Ou impressionar o mundo ou comida e saúde. Ou mais festas ou “trabalhos e vidas sustentáveis (sic)”.
Falaremos de educação e saúde no próximo item.
Agora empregos.
carla38
Enquanto isso…
carla41
Percebeu como se faz, Carla? Tudo com fonte, nada de falar sobre o que não se sabe, nada de repetir argumentos vazios e memes desgastados.
Agora a melhor parte.
12. As mentiras de Carla sobre o uso alternativo dos recursos da Copa.
“Está provado, através dos bilhões que agora estamos gastando, que temos mais do que o suficiente para mudar nossa situação. Ou que pelo menos a gente tinha… Até a copa (sic) e as olimpíadas (sic).”
Este é o ponto. É a mesma noção equivocada reproduzida em centenas de cartazes nas manifestações. Mero resultado de uma brutal desinformação, arrogantemente exibida como exemplo de sabedoria pessoal. Vamos de novo, porque esta merece repeteco: “Está provado, através dos bilhões que agora estamos gastando, que temos mais do que o suficiente para mudar nossa situação”.
Vamos fazer umas continhas, Carla? Pegamos os 7 bilhões emprestados pelo governo federal para a construção dos estádios. Você viu aquele gráfico do Portal da Transparência, não viu? O governo federal não gastou um centavocom os novos estádios. Ele emprestou dinheiro para estados e municípios, dinheiro que voltará aos cofres públicos. Mas vamos considerar esses 7 bilhões como gasto federal.
O governo federal gasta, só com o SUS (Sistema Único de Saúde), 136 bilhões de reais por ano. Quanto dá, então? Nem dois dias de SUS.
O portal UOL afirma que houve, sim, um gasto sem retorno da parte do governo federal: 1,1 bilhão de reais.
A notícia foi desmentida, com dados, pelo Palácio do Planalto (é um comportamento ético mostrar os dois lados de uma questão, viu, Carla?).
Vamos esquecer o desmentido. Digamos que o governo tenha gasto realmente 1,1 bilhão de reais, sem volta. Quanto dá? Nem ¼ do investimento em um dia de SUS.
O.K. Agora vamos exagerar: tudo. Peguemos os 26 bilhões de reais gastos com a Copa das Confederações e a Copa do Mundo, fingindo que os 19 bilhões investidos em aeroportos, infraestrutura e mobilidade urbana não são úteis ao país. Quanto dá? Nem cinco dias de SUS.
É esse montante que vai mudar nossa situação, Carla? É isso que vai resolver os problemas da saúde, da educação, da segurança e do transporte? É esse gasto que nos impede de resolver esses problemas agora, como você sugere em: “Ou que pelo menos a gente tinha”?.
Entendeu? Ou será que você, além de não gostar de pesquisar no Google, não se interessar pela veracidade das informações, não se preocupar em transmitir os fatos com precisão e não demonstrar apreço pela Lógica, também não sabe fazer contas?
Opa! Que burro sou eu! Esqueci que aquele total de 26 bilhões refere-se a um gasto de 7 anos (2007-2014). Quanto será mesmo o total gasto pelo governo federal somente no SUS, durante 7 anos? 910 bilhões de reais. É, realmente, agora eu me convenci: mais 26 bilhões em 7 anos (menos de 4 bilhões por ano) resolveriam todos os problemas do Brasil…
Nem tudo é dinheiro, Carla. Veja estes dados (percentual do PIB investido na educação):
carla28
O Brasil, comparativamente, investe mais do que os Estados Unidos em educação. O problema é a qualidade do ensino. Você errou de novo o alvo. Não se trata de dinheiro.
 A propósito, sabe quanto foi o PIB nacional em 2012? R$4,4 trilhões.
Mais uma continha, então (nesta eu vou ter de pedir ajuda à calculadora do computador): 250 bilhões de reais por ano investidos na educação. É… aqui também, mais 26 bilhões em 7 anos resolveriam todos os nossos problemas…
A propósito, Carla, o seu “está provado”, que não provou nada, é… adivinha? Isso, uma falácia:  o apelo à autoridade anônima. Quem provou?
13. Mais equívocos de Carla.
“…eu sei que a informação [deste vídeo] precisa ser passada e que não há vídeos suficientes, não há informação suficiente.”
Há informação suficiente, Carla. Agora, se você e outros jovens não se interessam em procurar essa informação, não se dispondo a uma simples busca no Google antes de fazer afirmações categóricas e equivocadas, de quem é a culpa?
A informação que precisa ser passada não é esse amontoado de mentiras e imprecisões do seu vídeo. São os fatos.
“E é hora da gente começar a pensar nas nossas prioridades e no que realmente importa.”
Essas prioridades já foram “pensadas” há muito tempo, Carla. Elas estão sendo praticadas. Por que você acha que o Brasil evoluiu tanto nos últimos 10 anos? Quebramos três vezes no Governo FHC, mesmo tendo vendido quase todo o patrimônio nacional. Hoje, o Brasil é credor do FMI, vive uma época de pleno emprego, tem a inflação controlada em torno de 6%, ganha destaque por suas conquistas em organismos internacionais e…
carla42
Por que tudo isso? Porque ele definiu essas prioridades há muito: inclusão e desenvolvimento. Inclusão por meio de programas como o Bolsa Família.
carla43
O Bolsa-Família foi adotado por México, Venezuela, Bolívia, Peru, Equador, África do Sul, Gana, Egito, Turquia, Paquistão, Bangladesh e Indonésia, entre outros países. Resultado (dessa e de outras medidas): surgiu, no Brasil, a nova classe média.
carla48
2013-03-16_185153
carla47
Isso é desenvolvimento, também. E na educação?
carla44
carla45
carla46
Inclusão também por meio das cotas sociais.
carla49
Programas sociais melhoram a vida da população, Carla.
carla51
carla50
carla52
Há muito mais. Basta você querer procurar.
14. A montagem do final do vídeo e a proposta irresponsável de Carla.
O final do vídeo é constrangedor: uma montagem amadora em que o discurso da presidenta Dilma, saudando os dirigentes da Fifa e mencionando avanços no país, é ilustrado tendenciosamente com cenas de pobreza, violência policial, descaso na área da saúde, criminosos presos, enchentes (!), ou seja, tudo de ruim — uma espécie de contraparte dos clichês positivos apresentados depreciativamente no início do vídeo. Nos clichês negativos, o fecho da mensagem subliminar do vídeo: O que o Brasil tem de bom não presta, e o que não presta é o que ele supostamente tem de bom.
A intenção de Carla é clara: provar que o Brasil não deveria sediar a Copa de 2014.
O.K. Vamos fingir que ela foi bem-sucedida. Você já fez um contrato, Carla? Então sabe que em todo contrato há uma cláusula relativa ao não cumprimento das obrigações. Sabia que o contrato da Copa já foi assinado, e que se o Brasil deixar de realizá-la, além de perder tudo o que iria ganhar com o torneio, terá de indenizar a Fifa, os detentores dos direitos de transmissão e os anunciantes? Já calculou quanto seria isso tudo?
carla53
Além, obviamente, da humilhação internacional que o cancelamento geraria, e da pecha de “incompetente” que seria associada não ao Governo, Carla, mas ao povo. Não é isso que pensaríamos se a Copa fosse cancelada em outro país?
Repare como é curioso. Você afirma ser absurdo o lucro da Fifa, mas quer, com esse cancelamento, dobrar ou triplicar os lucros da entidade com a Copa de 2014… às nossas custas. Você afirma estar preocupada com os gastos do Brasil, mas sua “solução” daria um prejuízo gigantesco aos cofres públicos. Mais uma irresponsabilidade, Carla?
Sério mesmo, se há uma pessoa que tenha o mais intenso ódio ao nosso povo, dificilmente ela desejará as consequências danosas que sua proposta inevitavelmente geraria aos brasileiros.
Conclusão
Você, Carla não contou a verdade integral em nenhuma (0%) das informações que apresentou nas argumentações de seu vídeo. Não teve sequer o cuidado de usar o Google, afirmação que posso fazer porque a maioria dos desmentidos às suas falsidades aparece na primeira página de resultados.
Repare também que em mais de 6 minutos de vídeo não há sequer umamenção positiva ao nosso país. Tudo é negativo, tudo é ruim, nada presta. Vídeo perfeito para reforçar o complexo de vira-latas de muitos brasileiros e para  incentivá-los a manifestações masoquistas de desprezo à própria pátria. Já leu os comentários no YouTube? Talvez dessa festa agressiva você goste, já que a festa bonita da nossa gente você despreza.
Quantos espectadores estrangeiros do vídeo em inglês darão crédito à sua visão pejorativa e distorcida do Brasil, porque você se apresenta como brasileira, porque você tem boa apresentação, porque você recheou o vídeo de técnicas de convencimento, porque você usou seu conhecimento profissional de edição para conseguir o melhor efeito — e porque não terão acesso ao contraditório também em inglês?
carla54
Qual a razão de tanto ódio pelo nosso país, Carla, ainda que travestido de preocupação bondosa com ele?
Você demonstrou que não entende nada de Brasil. Por caridade, reservo meus julgamentos sobre seus dotes intelectuais. Mas fico à espera de um segundo vídeo, em que, responsavelmente, você reconheça os erros que cometeu no primeiro. Prefiro crer que esses erros crassos de informação tenham sido resultado da sua natural empolgação, própria da idade. Tempo não faltou, já que você conseguiu as imagens que desejava, não é mesmo?
Agora, se não houver um segundo vídeo, Carla, serei forçado a concluir que, na verdade, esses erros não foram erros, mas enganações, e que eles foram resultado da sua má-fé.
E concluirei também que nosso país já produziu pessoas melhores.