quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Candidato avul$$o: festa do “MBL-Mercado” e do “Bolsa-Candidato”


POR  · 04/10/2017 - tijolaço

vigarista
O ultraliberalismo não é ética, é dinheiro no comando de tudo.
É a selva onde  as garras e os dentes  são feitos de grana.
Os partidos políticos, criação secular da civilização, com todos os seus desvios e defeitos, ainda são formas – medíocres aqui, reconheça-se –  de controle coletivo sobre os representantes eleitos.
Hoje, o Supremo  julga a possibilidade de haver candidaturas avulsas nas eleições do ano que vem.
É impensável que o mesmo STF que instituiu, faz poucos anos e finalmente, alguma fidelidade partidária – que a toda eleição os parlamentares acham o jeito de burlar, com “janelas” e redução de prazos de filiação  – vote para aprovar uma monstruosidade destas.
Aliás, o voto que se conhece a favor é o de Luís Roberto Barroso, o jurista-sol.
Em um partido, alguém ainda se submete a algum tipo de regras de alinhamento político.
Fora deles, vira candidato de si mesmo ou de sua capacidade de interpretar interesses de quem não pode se expor.
Como o “MBL-Mercado”, revelado ontem pela Piauí, reunindo picaretas da política e das finanças, ou o “Bolsa Coxinha” financiado por ricos e celebridades da mídia.
Até Bolsonaro, incapaz de conviver com qualquer um fora de seu clã familiar, terá seus problemas resolvido. Será “El Mito Solito”.

No Brasil, reina a melancolia. Mas em países como Inglaterra e Estados Unidos, uma postura claramente anti-neoliberal está permitindo à esquerda reconectar-se com a sociedade e sacudir o cenário político




Por Antonio Martins | Vídeo: Gabriela Leite
Você quer optar por manter-se melancólico – e crer que o duro esforço de recriar a esquerda é inútil, porque o mundo tornou-se definitivamente conservador. Nesse caso, olhe para a Alemanha, onde o partido de extrema-direita voltou ao Parlamento, pela primeira vez desde o nazismo. É uma perspectiva sombria e real; por isso, é legítimo escolhê-la. Mas, por favor, não diga que é a única, nem a mais atual.
A velha mídia brasileira ainda não vê, mas rapidamente vai tomando corpo uma outra tendência, de sentido oposto. É a reemersão inesperada, como no final dos anos 1990, de uma crítica potente ao neoliberalismo. Ela vai muito além dos círculos intelectuais, desperta a juventude, propõe uma nova agenda.
Como na virada do século, o movimento teve início nos países centrais do sistema: desta vez, Estados Unidos e Inglaterra. Comecemos por ela. A revista Economist, que não nutre a menor simpatia por Jeremy Corbyn, líder rebelde do Partido Trabalhista inglês, acaba de dizer que ele é o provável próximo primeiro-ministro do país. A imagem é eloquente: no último número da revista, Economist imagina Corbyn – um homem de 68 anos, cabelos brancos e boina – à frente da emblemática Downing Street nº 10, a sede do governo britânico. A porta principal – oh, heresia! – foi pintada de vermelho. Diante da casa, estão postados um gato e a bicicleta de Corbyn, também escarlate.
Não é ironia apenas. Ainda em fevereiro, Economist previu a morte do centenário Partido Trabalhista, que seria provocada pelas políticas rebeldes de Corbyn (repare na boina, sobre o túmulo…). Tudo mudou, em sete meses. Por terem sido capazes de atualizar seu programa, e de se manter fieis a ele, contra todas as pressões, os trabalhistas reergueram-se. Nas eleições parlamentares do meio do ano, garantia-se que seriam varridos do mapa. Mas ao invés de recuarem, e se adaptarem ao que a mídia esperava deles, souberam dar a volta por cima. Seu programa teve por foco a redistribuição de riquezas. Obrigar os ricos a pagar mais impostos. Restaurar o Sistema Nacional de Saúde. Renovar a Educação. Eliminar a cobrança de mensalidades nas escolas públicas, introduzidas pelos conservadores e mantidas pelos trabalhistas acomodados. Renacionalizar as ferrovias. Tudo isso sob um slogan claro: “Para os muitos, não para os poucos”
Jeremy Corbyn, visto pela própria mídia conservadora como provável próximo primeiro-ministro britânico. Ele quer imprimir dinheiro, mas agora, para os serviços públicos -- e não para os bancos
Jeremy Corbyn, visto pela própria mídia conservadora como provável próximo primeiro-ministro britânico. Ele quer imprimir dinheiro, mas agora, para os serviços públicos — e não para os bancos

O resultado foi um ponto totalmente fora da curva. Depois de anos de declínio, quando obedeciam as receitas da mídia, os trabalhistas estiveram a um passo de ganhar as eleições. Politicamente, venceram. A primeira-ministra conservadora, Theresa May, arrasta-se, e não sabe como lidar com o trauma que a saída da União Europeia representará. Em poucos meses, os trabalhistas foram capazes de reanimar sua enorme militância. Como no Reino Unido as eleições são distritais, estes militantes dedicam-se agora a uma tática de tensionamento da representação tradicional. Vão de casa em casa, de pub em pub, distrito por distrito, questionar os votos dos deputados conservadores.
Reinseriram os jovens na política. Entre a população abaixo dos 25 – reconhece Economist, não sem um certo pesar – já têm o apoio de três em cada quatro pessoas. Agora, querem ir adiante. Na primeira conferência do partido após as eleições do meio do ano, que está ocorrendo neste fim de semana, Jeremy Corbyn apresentou planos para enfrentar a especulação imobiliária – por exemplo, estabelecendo controle público sobre os preços dos aluguéis. Ou assegurando que, sempre que houver intervenções de “recuperação” de áreas urbanas, os imóveis afetados retornem a seus antigos moradores após as obras, ao invés de serem capturados pelas corporações imobiliárias.
Corbyn também propõe – para escândalo da Economist – um quantitative easing para o povo. Na última década, os bancos centrais emitiram rios de dinheiro para a aristocracia financeira, alegando que era a forma de evitar que a recessão se agravasse. Agora, este velho trabalhista sugere: se isso foi possível, por que não podemos, também, imprimir dinheiro para os proglramas sociais?
* * *
Um processo semelhante está ocorrendo, exatamente agora, nos Estados Unidos. Diante do desgaste de Donald Trump, quem está se fortalecendo não é a extrema direita que o apoiou, nem a cúpula do Partido Democrata – mas Bernie Sanders, o candidato que questionou, nas eleições de 2016, o domínio dos grandes bancos sobre a economia.
É a mesma Economist quem reconhece: o avanço tem por base políticas muito concretas. Há quatro anos, Sanders, que é senador, apresentou proposta para tornar estatal o sistema de assistência à Saúde. Ninguém o apoiou. Há poucas semanas, ele voltou a reapresentar a proposta: teve adesão de 16 senadores democratas, entre eles todos os demais possíveis candidatos à presidência, em 2020. A mudança de ares é vasta. A maior parte dos militantes já arova a proposta de um salário mínimo de 15 dólares por hora (que Hillary não assumiu em 2016). Também defende um pacote de investimentos públicos de 1 trilhão de dólares na economia e o controle estatal sobre os oligopólios. “Os democratas apoiam a intervenção governamental sobre a econoia numa escala não vista desde o New Deal” de Franklin Roosevelt, admite, ainda que a contragosto, a revista britânica.
A onda de direita é global, inundou o Brasil, emerge em cada post no Facebook. Mas, vê-se claramente agora, não é o único fenômeno político contemporâneo. Diante de um mundo dividido, há, entre tantas, duas atitudes principais. A primeira é render-se comodamente à melancolia, ao fim do mundo. A outra, muito mais difícil e desafiadora é imaginar as alternativas.

As mãos e as vozes que empurraram o reitor da UFSC, Luis Carlos Cancellier, para a morte, por Luís Nassif


"Lá embaixo, nos porões da nova ditadura, a delegada Marena, o delegado Mosele, comandavam policiais treinados nas artes da humilhação. Os professores foram despidos, ficaram nus, foram jogados em celas      
Enquanto isto, Barroso, que se tornou um Ministro choroso quando a imprensa meramente flagrou-o em uma afirmação relativamente racista em relação a Joaquim Barbosa, que se desmanchou em lágrimas tal como uma donzela com a reputação colocava em dúvida, continuava lançando seus dardos no Olimpo e alimentando com princípios pútridos a carne que era servida às hienas.
"No dia seguinte, uma juíza substituta, Marjorie Feriberg.ordenou a libertação do grupo. Foi publicamente admoestada por Janaína, que se atirou sobre ela como uma harpia da mitologia.
"Restou a Cancellier a única saída que encontrou para a desonra que se abateu sobre ele: o suicídio."

Segue a íntegra do texto de Luis Nassif publicadno no Jornal GGN:

File source: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Luis_Roberto_Barroso_2014.jpgLuís Roberto Barroso tem fixação por sua imagem pública. Algumas denúncias estampadas em blogs de Curitiba, encampadas pelos blogueiros de Veja, foram suficientes para deixa-lo de joelhos.
As denúncias falavam da compra de um apartamento em Miami pela senhora Barroso, através de uma offshore. Mesmo casados em comunhão de bens, compartilhando um escritório bem-sucedido, o nome de Barroso não entrou na história, até o eixo Curitiba-Veja entrar no tema.
E o Ministro Barroso decidiu defender sua imagem com as armas que conhecia: abandonou suas teses legalistas, seu passado garantista e decidiu aderir aos agressores. Sua estreia se deu na votação da autorização para a prisão do réu após condenação em Segunda Instância.
Dali em diante, surgiu um novo Barroso, defensor dos métodos policiais, punitivista convicto, defensor da tese de que ou o Brasil acabava com a corrupção ou a corrupção com o Brasil. Não a corrupção corporativa de seus clientes, ele que era titular de um escritório que se vangloriava de preparar anteprojetos de lei para que os clientes possam oferecer a seus deputados de estimação; não a do Poder Judiciário, ou mesmo a impunidade sua ex-cliente, a Globo. Mas a corrupção do inimigo, a defesa do direito penal do inimigo que chegou ao auge com sua defesa explícita do Estado de Exceção.
Desde então, Barroso se tornou o guru da Lava Jato e dos punitivistas do Ministério Público Federal, o profeta do Estado de Exceção, o principal estimulador das bestas que habitam os porões, onde nenhum direito é respeitado. Suas frases se tornaram os bordões prediletos dos procuradores nas redes sociais, o alimento legitimador que engorda os monstros gerados da barriga da Lava Jato.
E das entranhas da Lava Jato a delegada da Polícia Federal Erika Marena saiu de Curitiba e transportou os métodos da para Santa Catarina. Estrela de cinema, tinha que manter a fama de implacável.  Lá, encontrou como chefe o delegado Marcelo Mosele que, ao assumir a superintendência da PF em Santa Catarina, discursou afirmando que a corrupção é a maior ameaça à humanidade.
Era esse o clima dominante na PF quando chegaram denúncias envolvendo a Universidade Federal de Santa Catarina. Mencionavam desvios que teriam ocorrido desde 2006 nos cursos de educação à distância. O reitor assumirá apenas em 2016.
No início, denúncias anônimas. Depois, denúncias personalizadas, uma da professora Tais Dias, outra do corregedor da UFSC, Roberto Hickel  do Prado. Escolhido em uma lista tríplice, o corregedor responde ao reitor e também à CGU (Controladoria Geral da União).
Quando o reitor Luiz Carlos Cancellier pediu acesso ao inquérito, imediatamente foi denunciado por Henkel, como tentativa de obstrução da Justiça. Nesses tempos bicudos, as longas mãos da CGU criaram núcleos de poder em cada universidade, e Henkel pretendeu exercê-lo com a autoridade dos moralistas e com a plenitude dos superpoderosos. Imediatamente obteve a adesão de Orlando Vieira de Castro Jr, superintendente da CGU em Florianópolis. E o caso foi parar com o procurador da República André Stefani Bertuol.
A Polícia Federal foi acionada e a sede de sangue atingiu a juíza federal Janaína Cassol Machado, que, consultado o procurador Bertuol, autorizou a prisão preventiva dos professores.
Em Brasília, o eminente Ministro Barroso despejava frases feitas
- Para ser preso, no Brasil, precisa ser muito pobre ou muito mal defendido.
Ou então:
- Pense o que vocë poder fazer diariamente pelo bem.
Lá embaixo, nos porões da nova ditadura, a delegada Marena, o delegado Mosele, comandavam policiais treinados nas artes da humilhação. Os professores foram despidos, ficaram nus, foram jogados em celas      
Enquanto isto, Barroso, que se tornou um Ministro choroso quando a imprensa meramente flagrou-o em uma afirmação relativamente racista em relação a Joaquim Barbosa, que se desmanchou em lágrimas tal como uma donzela com a reputação colocava em dúvida, continuava lançando seus dardos no Olimpo e alimentando com princípios pútridos a carne que era servida às hienas.
No dia seguinte, uma juíza substituta, Marjorie Feriberg.ordenou a libertação do grupo. Foi publicamente admoestada por Janaína, que se atirou sobre ela como uma harpia da mitologia.
Restou a Cancellier a única saída que encontrou para a desonra que se abateu sobre ele: o suicídio.
Depois da tragédia, apareceram notícias dizendo que a única acusação formal contra ele era a de ter tentado atrapalhar  a investigação.
Que seu sangue caia sobre todos seus algozes.
Mas, especialmente, sobre os que destruíram os alicerces dos direitos individuais pensando exclusivamente em seus próprios interesses.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Tirar direitos não basta; eles querem é escravidão



lerelere
Mil vezes mais obsceno que o “peladão” do MAM em São Paulo é a manchete da editoria de “Mercado” da Folha. Não dá para mostrar para crianças:
O Brasil não é capitalista, ou pelo menos não na medida que americanos esperavam depois da reforma trabalhista costurada pelo Planalto no governo Michel Temer.
Empresários, investidores, advogados, consultores e representantes do setor bancário saíram um tanto frustrados de um encontro na Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, na semana passada, em Nova York, alguns deles com mais perguntas do que respostas na cabeça.
“Então quer dizer que ainda não vamos poder reduzir salários? Isso é a coisa mais anticapitalista que existe”, reclamou Terry Boyland, da CPQI, empresa que presta serviços de tecnologia a bancos na América Latina. “E se perdermos dinheiro? Vamos também dividir os prejuízos?”
Isabel Bueno, sócia da Mattos Filho, firma de advocacia que organizou o encontro, concordou diante de uma sala lotada. “Não é capitalista.”
Empresários, no caso, imaginavam poder terceirizar funcionários da forma como quisessem, reduzir salários e driblar processos trabalhistas, mas viram que não será o mar de rosas que vislumbravam com a “maior reforma do setor em 50 anos”, como resumiu um convidado.
Um dos principais fatores de desilusão, aliás, é a dificuldade de terceirizar trabalhadores. Muitos, no caso, pretendiam demitir e recontratar os mesmos funcionários de prestadoras de serviços, mas não gostaram de saber que a lei impõe uma quarentena de um ano e meio.

Todos yuppies, arrumadinhos, roupas de grife e não apenas a anos-luz da realidade do povo brasileiro, mas a igual distância de considerá-los  seres humanos. Idem, aliás, longe da moralidade, porque a única que conhecem é a do dinheiro.
Porque só mesmo sendo alguém desumano se pode defender que um trabalhador seja “chutado” para a rua sem nenhum direito, ou que tenha seu salário reduzido arbitrariamente ou por uma falsa terceirização, que equivale a ter “empregado de aluguel.
Só do que gostaram é do empregado ter de pagar para entrar com ações trabalhistas ou indenizatórias de danos morais sofridos no trabalho.
Acham “lindo” comparar com os Estados Unidos, fazendo silêncio sobre o fato de que para lá se drenam os recursos e as riquezas de todo o mundo e, por isso, mesmo com todos o barbarismos que há por lá (como não ter saúde pública e o sinistro direito de poder comprar à vontade rifles automáticos como o usado em Las Vegas), isso permite que não seja uma seja um completo desastre, apesar de ser o pior, entre os países ricos, em seus ” seus níveis nacionais de pobreza, analfabetismo, desemprego e expectativa de vida“.
É uma elite apátrida, desumana, atrasada como a dos senhores de engenho que mandavam seus filhos estudarem em Coimbra. Pior ainda, os mandam fazer compras em Miami.

Justiça condena Bolsonaro por discurso de ódio contra Quilombolas


Da Agência Estado e do Pragmatismo Político:

“Não fazem nada; nem pra procriar servem mais”. Após discurso de ódio contra Quilombolas, Jair Bolsonaro é condenado a pagar indenização de R$ 50 mil

bolsonaro quilombolas
A juíza Frana Elizabeth Mendes condenou o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), em ação civil pública, ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 50 mil.


O Ministério Público Federal, no Rio, por meio dos procuradores da República Ana Padilha e Renato Machado, acusou Bolsonaro por danos morais coletivos a comunidades quilombolas e à população negra em geral.
Em 3 de abril, o deputado fez uma palestra no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro, na qual ‘ofendeu e depreciou a população negra e os indivíduos pertencentes às comunidades quilombolas, bem como incitou a discriminação contra esses povos’ (relembre aqui).
Na ocasião, o deputado afirmou que visitou uma comunidade quilombola e “o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas”. Ainda citando a visita, disse também: “Não fazem nada, eu acho que nem pra procriador servem mais”.
Na ação, os procuradores da República sustentaram que Bolsonaro usou informações distorcidas, expressões injuriosas, preconceituosas e discriminatórias com o claro propósito de ofender, ridicularizar, maltratar e desumanizar as comunidades quilombolas e a população negra. O Ministério Público Federal havia pedido R$ 300 mil de danos morais.
No processo, Bolsonaro alegou que a ação se tratava de ‘demanda com flagrante cunho político’, e que suas declarações ‘são flagrantemente interpretadas de forma tendenciosa e, com um claro intuito de prejudicar sua imagem, e de toda a sua família’.
O deputado afirmou ainda que havia sido ‘convidado pela Hebraica RJ como Deputado Federal para expor as suas ideologias para o público em geral’ e que, nesta qualidade, ‘goza de imunidade parlamentar, sendo inviolável, civil e penalmente, por qualquer de suas opiniões palavras e votos, conforme dispõe o artigo 53 da CRFB’.
Ao condenar Bolsonaro, a juíza afirmou. “Impende ressaltar que, como parlamentar, membro do Poder Legislativo, e sendo uma pessoa de altíssimo conhecimento público em âmbito nacional, o réu tem o dever de assumir uma postura mais respeitosa com relação aos cidadãos e grupos que representa, ou seja, a todos, haja vista que suas atitudes influenciam pessoas, podendo incitar reações exageradas e prejudiciais à coletividade.”
Agência Estado

O Lava Jatismo como sinônimo de macartismo tupiniquim e Inquisição da Direita Hipócrita e as consequências sangrentas, como no suicído , por Paulo Henrique Amorim



Conversa Afiada, com Paulo Henrique Amorim (do canal TV Afiada)

Em pauta, o suicídio de Luiz Carlos Cancellier, reitor afastado da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).


O último desabafo do Reitor Luis Carlos Cancellier, alvo das arbitrariedades da "Acima da Lei" Lava Jato:


segunda-feira, 2 de outubro de 2017

A Folha, como a Globo, representando perfeitamente a crítica de Noam Chomsky: O papel da "grande mídia" empresarial não é o de informar, mas conformar a percepção das massas aos interesses da classe dominante... Vejam, sobre isso, o seguinte artigo de Fernando Brito



"Palmas ao Datafolha que cria um novo tipo de justiça no Brasil. Não se “vota” mais apenas para escolher pessoas para governar, mas para decidir quem deve ser mandado apodrecer na cadeia, depois de julgado pelo tribunal da mídia."

Folha trai seus “instintos mais primitivos” e lança o “Chacrinha prisional”

chacrinha
A inclusão da pergunta, inédita em suas pesquisas, tinha endereço certo para o Datafolha: contrabalançar o que já sabiam ser o crescimento de Lula nas intenções de voto.
Então, criaram uma “estatística Chacrinha”: “vai para o trono ou não vai?” e um “vai pra cadeia ou não vai?”.
Ao melhor estilo do Coliseu romano, põe a decisão sobre vida e a liberdade de alguém na base ou “você acha” que Lula deveria ser preso?  Por que não logo “executado”?  Ficaria mais coerente com o tipo de linchamento proposto.
Gloriosos 54% acham que “deve prender” e é uma milagre que 40% digam que não, depois de anos de Jornal Nacional acusando Lula de ter roubado apartamento, aluguel, prédio, pedalinhos,  bugigangas do gabinete presidencial e pirulito de criança.
Nem assim os dados deixam de revelar que há um ódio incontido da elite brasileira a um homem que nada dela tirou, senão seu mórbido prazer de ver os pobres serem tratados como uma “sub-raça”:
“O apoio à prisão do ex-presidente cresce conforme aumenta o grau de instrução (69% entre os que têm nível superior e 37% entre os com nível fundamental) e a renda familiar mensal (chega a 76% no grupo mais rico e a 42% no mais pobre) do entrevistado.”
Palmas ao Datafolha que cria um novo tipo de justiça no Brasil. Não se “vota” mais apenas para escolher pessoas para governar, mas para decidir quem deve ser mandado apodrecer na cadeia, depois de julgado pelo tribunal da mídia.
Do jeito que as coisas andam selvagens neste país, acho que, numa pesquisa, até o goleiro do Flamengo seria mandado para a cadeia depois dos penaltis do jogo do Cruzeiro.
Não adianta, depois, fazer biquinho de liberal escandalizado se uma horda de fanático vai invadir e agredir os funcionários de um museu de arte. Se a mídia “treina” a opinião pública para ser pitbull de marombeiro não pode reclamar quando alguns saem mordendo.
Sugere-se, depois desta que a Folha chame o Alexandre Frota para seu conselho editorial. Pela linha de jornalismo estatístico, parece ter mais a contribuir do que os meninos de camisa de fino algodão.
Felizmente, neste país, por enquanto, ainda não temos “votação para linchamento” e – ainda – temos eleição para presidente.
E nessa, eles piram, Lula sobe cada vez mais.
É isso que eles não aceitam, não perdoam e não medem consequências – nem ditadura, nem conflito civil – para impedir.

domingo, 1 de outubro de 2017

Temer: um governo impopular, de escândalos, fruto de um golpe, mas pró-elite e interesses financeiros e, portanto e por isso, de panelas caladas, patos esvaziados, mídia amestrada e, assim, indestrutível. Por Sergio Saraiva


"Nada parece ter força para derrubá-lo.
"Resiste à derrocada da economia e ao desemprego que ela traz. Resiste aos efeitos de uma austeridade insana e seus custos sociais. Resiste a denúncias da Suprema Corte baseadas em evidências registradas em áudios onde se ouve a própria voz do presidente. Resiste a malas de dinheiro recebidas tanto pelo seu auxiliar direto quanto por seu ex-ministro. Malas filmadas e fotografadas.
"Na imprensa, tais evidências de posturas não éticas do presidente da República surgem em um dia e somem dia seguinte – passam para a história. Isso quando não são desacreditadas. Nessa mesma imprensa, a notícia de que o presidente compra apoio de deputados e senadores para se safar de qualquer investigação é tratada como um dado comum da realpolitik nacional. E não como um escândalo."

Resultado de imagem para temer vampiro

Por Sergio Saraiva - Jornal GGN
Quais são as forças e os interesses que mantêm Temer no poder?
“Hoje, deve ter muito pouca gente querendo sair na foto com o Temer”. A frase-síntese de Rubens Ricupero – diplomata e ex-ministro – sobre governo Temer contém uma constatação aparentemente óbvia, mas equivocada, e um paradoxo.
A constatação que seria óbvia é a de que um governo em que 92% da população não confiam, segundo a Pesquisa CNI de setembro de 2017 – não deveria teve ter muitos correligionários dispostos a se perfilarem com ele.
CNI IBOPE 2
Pior ainda quando 89% não têm perspectiva de melhora e quase 60% começam a ter saudades do governo anterior. O governo de Dilma Rousseff - derrubada em um golpe comandado por seu vice-presidente decorativo. Justamente o presidente atual.
CNI IBOPE 4     CNI IBOPE 3
O paradoxo Temer
O paradoxo: por que, assim sendo, tal governo é um dos mais fortes desde a redemocratização? Nada parece ter força para derrubá-lo.
Resiste à derrocada da economia e ao desemprego que ela traz. Resiste aos efeitos de uma austeridade insana e seus custos sociais.
Resiste a denúncias da Suprema Corte baseadas em evidências registradas em áudios onde se ouve a própria voz do presidente. Resiste a malas de dinheiro recebidas tanto pelo seu auxiliar direto quanto por seu ex-ministro. Malas filmadas e fotografadas.
Na imprensa, tais evidências de posturas não éticas do presidente da República surgem em um dia e somem dia seguinte – passam para a história. Isso quando não são desacreditadas. Nessa mesma imprensa, a notícia de que o presidente compra apoio de deputados e senadores para se safar de qualquer investigação é tratada como um dado comum da realpolitik nacional. E não como um escândalo.
As forças e os interesses que mantém Temer no poder
A verdade, porém, é que não há realmente um paradoxo.
O presidente possui o apoio necessário para manter-se no poder.
E não é verdade que ninguém queira ser fotografado ao seu lado. Em ambientes públicos, com certeza. Já em ambientes controlados ...
Para conhecer seus apoiadores, basta ler os jornais. A Folha de São Paulo inclusive os nomeia: empresariado, ruralistas e segmentos conservadores – a tal “Bancada BBB” – boi, bíblia e bala.
Estão muito satisfeitos com Temer. Das 36 “propostas para o Brasil sair da crise", enviadas ao governo Temer pela mesma CNI que patrocina a pesquisa citada acima, 29 avançaram. Um índice de 80% de atendimento. Os ruralistas encaminharam 17 reivindicações - 13 foram atendidas - ou 76%.
Como esclarece o jornal: “entre os destaques para esses dois setores estão a reforma trabalhista, a regulamentação da terceirização, o programa de refinanciamento de débitos tributários das empresas, uma generosa renegociação de débitos dos produtores rurais, a lei de regularização fundiária e a flexibilização das regras de licenciamento ambiental”.
Além disso, a bancada religiosa segue barrando projetos contrários aos seus interesses e promovendo outros como o “escola sem partido. A bancada da bala encaminha projetos que alteram a seu favor o Estatuto do Desarmamento e a revisão da maioridade penal de 18 para 16 anos.
Por que motivo tais setores estariam contrários ao governo Temer?
José Augusto Fernandes - diretor de Política e Estratégia da CNI: "não há dúvida de que o governo tem tido maior capacidade de condução".
Marcos Montes – deputado pelo PSD-MG e presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio: "o governo correspondeu plenamente às nossas expectativas. Foram ações de coragem, de um governo que não está pensando nas eleições do ano que vem. Acho que ele ousou em muita coisa".
Everybody loves Temer
Tampouco é verdade que o governo Temer seja o fiasco que perece ser internacionalmente.
Sim, Temer é desdenhado em todos os eventos entre chefes de Estado dos quais participa.
Mas isso não deve ser confundido com insatisfação.
Para tanto, basta ver o editorial elogioso onde a Folha comemora as mais recentes privatizações feitas por Temer – ”Infraestrutura à venda”.
Por ele, ficamos sabendo que as usinas hidroelétricas da Cemig vendidas aos chineses por R$ 12,1 bilhões são um ativo maduro, ou seja, pronto e em operação. Basta portanto, assumir o controle e passar a realizar lucros – nada do risco relacionado a investimentos sujeitos ao payback.
Assim também, os campos petrolíferos vendidos - R$ 3,8 bilhões - foram aqueles com “potencial de rentabilidade bem mapeado”. Ou seja, campos já pesquisados pela Petrobras e que agora serão explorados pela americana Exxon-Mobil igualmente sem riscos e em regime de concessão.
Apenas para lembrar, em 2013, no governo Dilma, a mesma Exxon decidiu não participar do leilão sob o regime de partilha. Até parece que a Exxon já sabia do que viria a seguir – o impeachment de Dilma e a ascensão ao poder de Michel Temer. E regras generosas para as petrolíferas estrangeiras.
Temer está cacifado em dólar – o que por certo lhe dará ”oxigênio paramentar” - e não creio que os estrangeiros estejam com níveis baixos de satisfação em relação ao governo brasileiro.
Não esperem a cavalaria
Por fim, com apoio irrestrito do poder econômico, da bancada BBB e com altos índices de satisfação de governos estrangeiros, quem tiraria Michel Temer do poder?
O povo e as Forças Armadas insatisfeitos?
Nenhum dos dois.
Sim, parte do povo desesperançado pede intervenção das Forças Armadas. Porém, não há porque nutrir esperanças. Vejamos o que disse o general Edson Leal Pujol - comandante militar do Sul:
"Não estamos gostando, mas estamos passivos. Quero saber quantos de vocês foram para rua se manifestar? Não adianta nós usarmos só as mídias sociais. Se vocês estão insatisfeitos, vão para a rua se manifestar ".
Eis a cilada em que estamos. O povo espera a ação das Forças Armadas, mas as Forças Armadas esperam ação do povo.
Temer ficará onde está sem maiores problemas.
Até porque, o que esperar do povo?
Sim, ele está indignado. Sim ele não votará em Temer e não pretende votar em ninguém que o apoie. Motivo pelo qual ninguém quer estar ao lado de Temer em uma foto pública.
Ocorre que isso já é sabido e já foi precificado pela classe política. Basta ler a segunda parte da declaração do deputado representante do agronegócio sobre o governo Temer: um governo que não está pensando nas eleições do ano que vem”.
Mas até 2018, Temer é indestrutível. E quando 2018 chegar, veremos se realmente haverá eleições.
O povo está com saudades de Lula? Lula lidera em todos os cenários para as eleições de 2018?
Lula será preso.
E, tirando Lula, que importa quem será o presidente? Bolsonaro, Doria? Em que seriam diferentes de Temer?
Temer eterno.
Smoke gets in our eyes
E por que o povo não se revolta como se indaga o general?
Os militares parecem estar apenas esperando esse sinal. Por que ele não vem?
A resposta está na própria pesquisa CNI. Basta ver do que o povo se lembra do noticiário com o qual é bombardeado a cada Jornal Nacional:
Jogaram fumaça nos olhos do povo. 
Polêmica mesmo é somente “criança viada” e homem pelado em exposição de arte.
Inútil lembrar das “Jornadas de junho de 2013”, inútil esperar os “camisas amarelas” gritando “Fora Temer”.
Quem botou, então, o povo na rua estava insatisfeito com o governo que tinha, mas agora está satisfeito com o governo e o povo que tem.
Não haverá mais domingueiras na Paulista.

PS: Oficina de Concertos Gerais e Poesia: quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é tolo ou não tem arte.

Para refletir, um vídeo sobre as dez estratégias de manipulação midiática das massas, baseado nos estudos de Noam Chomsky