quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Trump não é Caesar, mas os EUA são uma Fake Rome, por Fábio de Oliveira Ribeiro

 

Júlio Caesar deixou um admirável legado literário. Trump se limitou a construir edifícios horríveis com dinheiro de origem duvidosa.

Jornal GGN:
New York Times

Trump não é Caesar, os EUA é uma Fake Rome

por Fábio de Oliveira Ribeiro

Um articulista norte-americano comparou Donald Trump ao romano Júlio Caesar. Essa comparação não me parece muito adequada.

As tensões políticas que existiam em Roma no século I a.C. e as que sacodem os EUA nos dias de home têm a mesma origem: o abismo entre ricos e pobres e o controle absoluto do Estado pelos ricos. Nenhuma outra semelhança existe entre essas duas culturas.

Júlio Caesar correu riscos durante a invasão e conquista da Gália e na subsequente Guerra Civil. Donald Trump nunca participou de um conflito militar.

O primeiro imperador de Roma morreu porque desafiou os privilégios da aristocracia patrícia romana. Apesar de sua retórica populista, o presidente norte-americano trabalhou apenas em benefício dos ricos e do enriquecimento de sua própria família.

Júlio Caesar deixou um admirável legado literário. Trump se limitou a construir edifícios horríveis com dinheiro de origem duvidosa.

A República romana caiu porque Roma se tornou muito maior do que uma cidade e sua elite mesquinha e gananciosa. A democracia dos EUA morreu porque o neoliberalismo causou o apodrecimento do bipartidarismo à medida que Estado passou a ser mais e mais controlado exclusivamente pelos banqueiros, pelo Pentágono e pela CIA.

Apesar de adotar alguns símbolos do poder romano (a águia, os edifícios monumentais com colunas em Washington DC, etc), os norte-americanos nunca deixaram de ser bárbaros. A verdadeira natureza dos EUA fica evidente quando prestamos atenção na maneira como eles transformaram Jesus num clone do deus da guerra romano.

Segundo Tito Lívio, os romanos tinham uma virtude: agir e sofrer. Os norte-americanos se limitam a produzir, encenar e apreciar filmes de ação. Os soldados romanos combateram seus inimigos a curta distância, os EUA já empregam drones de combate pilotados a milhares de quilômetros do conflito por soldados confortavelmente sentados na frente de monitores de LCD.

As obras deixadas pela civilização romana serão sempre admiradas. Enquanto houver homens, isso será verdade. As obras que os norte-americanos deixarão serão lembradas? Isso é improvável. Não sobrará nada digno de nota nos EUA depois que aquele país for totalmente devastado por uma guerra civil nuclear.

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