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domingo, 19 de agosto de 2018

Desqualificar conselho da ONU é jogada rasteira. Por Kennedy Alencar


"Se assina um tratado internacional, um país assume o compromisso de cumpri-lo. O Itamaraty deveria ser o primeiro a defender tal posição. Rasgar um tratado porque ele deu vitória jurídica liminar a Lula no direito internacional fragilizará ainda mais o Brasil na arena mundial."

Do DCM:



Se assina um tratado internacional, um país assume o compromisso de cumpri-lo. O Itamaraty deveria ser o primeiro a defender tal posição. Rasgar um tratado porque ele deu vitória jurídica liminar a Lula no direito internacional fragilizará ainda mais o Brasil na arena mundial.
É fato que o STF tem a palavra jurídica final no Brasil. A soberania nacional, prevista na Constituição, sustenta tal posição. Mas, tecnicamente, o Itamaraty e o sumido ministro da Justiça estão defendendo o descumprimento de uma decisão liminar do direito internacional, fruto de um acordo que o país assinou. Devem arcar com as consequências disso no âmbito internacional.
O Brasil é signatário do Pacto de Direitos Civis e Políticos, tratado que deu amparo à decisão do Conselho de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre o caso do ex-presidente Lula.
O órgão pediu que as autoridades brasileiras não impeçam o petista de concorrer nas eleições presidenciais até que estejam exauridos todos os recursos nos tribunais, obedecido o devido processo legal. O conselho não mandou libertar Lula.
Desqualificar o Comitê de Direitos Humanos da ONU é uma jogada rasteira, especialmente de mentes colonizadas que adoram invocar os Estados Unidos e a Europa para defender as suas ideias e diminuir o Brasil quando isso lhes convêm. Virou moda dizer que os estrangeiros não entendem o país. Parece que estão entendendo muito bem que Lula não tem sido tratado com imparcialidade e justiça.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Alex Solnik: "O Brasil nunca teve tanta vergonha de um presidente (Temer)" - O histórico de um golpista e seu partido.

"Houve um tempo em que Cunha conquistou o troféu de inimigo público número 1, o cara mais odiado do país. Fez por merecer.

"Mas o tempo mostrou que havia alguém ainda pior do que ele na República.

"Em menos de um ano de poder usurpado à custa da compra de votos no Congresso, Temer mostrou quem é essa pessoa: ele mesmo."



Segue o texto de Alex Solnik, publicado no 247:




Houve um tempo em que Cunha conquistou o troféu de inimigo público número 1, o cara mais odiado do país.

Fez por merecer.

Mas o tempo mostrou que havia alguém ainda pior do que ele na República.

Em menos de um ano de poder usurpado à custa da compra de votos no Congresso, Temer mostrou quem é essa pessoa: ele mesmo.


Ele não pacificou o país, muito ao contrário, o clima de ódio só cresceu, graças a ele.

Ele destruiu os direitos sociais e quer avançar ainda mais no desmonte do futuro dos brasileiros.

Implantou uma bobagem chamada teto de gastos públicos por 20 anos que já está desmoralizado.

Aumentou o buraco nacional para 159 bilhões, se é que vai parar por aí.

Elitista e cínico, não tem nenhuma identificação com o povo brasileiro.

Protagonizou os momentos mais escandalosos dos últimos anos na conversa com um "bandido notório" que recebeu em sua residência oficial.

Seu amigo José Yunes pulou fora do governo e confessou ter sido mula de Eliseu Padilha, seu homem-forte, ao receber 1 milhão das mãos de Lúcio Bolonha Funaro.

Primeiro presidente denunciado por corrupção durante o mandato pela PGR e cujo início de investigação foi autorizado pelo Supremo.

Está sendo investigado por causa da cena de Rocha Loures com a mala.

Está sendo investigado por causa de Rocha Loures negociar uma emenda parlamentar com diretor da empresa Rodrimar, de Santos.

Lúcio Bolonha Funaro, doleiro do PMDB aponta propina para Temer na Eletronuclear.

Apontado pela Polícia Federal como personagem central da quadrilha do PMDB.

A marca do seu governo são as malas e os mulas.

As denúncias contra ele não vão parar. É impossível governar e se defender das denúncias ao mesmo tempo.

É inaceitável que denúncias concretas de corrupção sejam barradas por deputados corrompidos pelo denunciado.

Alguém tem que dizer para ele sair.

Temer é pior que Collor.

O Brasil nunca teve tanta vergonha de seu presidente.

Alex Solnik

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Vocação para Nero caricato: Temer é um governante acuado, covarde e, por isso, perigoso. Por Kiko Nogueira, no DCM





“Eu não vou renunciar. Se quiserem, me derrubem”, disse Temer em um de seus patéticos pronunciamentos depois da gravação com Joesley.
Foi feita sua vontade — e ele reagiu como o covarde que é.
Temer admitiu na quarta que foi ele, e não o presidente da Câmara Rodrigo Maia, quem convocou as Forças Armadas para a “garantia da lei e da ordem” em Brasília até o próximo dia 31.   
No final da quarta, Maia, visivelmente agastado com o patrão, dando sinais do rompimento que virá, cobrou do governo que “repusesse a verdade”, já que ele estava sendo responsabilizado pela sandice.
A decisão pegou de surpresa o governador de Brasília, Rodrigo Rollemberg, que reclamou por não ter sido consultado e reprovou a adoção da “medida extrema”.
Essa é a primeira vez em que esse recurso é utilizado para barrar atos de “vandalismo”, segundo o Ministério da Defesa informou à Exame.
É também a primeira vez que a medida é instaurada sem a petição de um governo estadual. Juristas sérios consideram inconstitucional o ato.
Segundo a Polícia Militar, 49 pessoas receberam atendimento médico após os protestos. Sete foram presas.
Temer é um governante corrupto, impopular, acuado — e, por isso, perigoso.
Perigoso para os brasileiros, pelo que já demonstrou em sua imensa falta de escrúpulos.
Perigoso também para si mesmo e sua família.
Um gesto como a renúncia, que poderia poupar o país da convulsão, demanda uma coragem e uma dignidade que ele nunca teve e nunca terá.
O suicídio não lhe passa pela cabeça.
A história é repleta de líderes fracos que, antes de cair em desgraça, devastam seu país.
Temer tem vocação para Nero. Incendiou uma nação e agora assiste o fogo queimar as instituições. Vê sua própria derrocada, refém de sua iniquidade, e vai até as últimas consequências.
Suetônio conta que o imperador romano foi declarado, quando perdeu seu reinado de terror, inimigo público.
Passou a ser perseguido pela famigerada guarda pretoriana, que ele teve a seu lado até ser traído.
Fugiu de Roma pela Via Salária com seu secretário Epafrodito. Ao ver um soldado romano se aproximando, Epafrodito não titubeou e apunhalou o chefe.
Suas últimas palavras são famosas: “Que artista morre comigo”.
Quem não tem Epafrodito caça com Maia. 
Fonte: DCM
Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

quarta-feira, 15 de março de 2017

Wagner Moura: governo golpista mentiu e trabalhadores estão sendo lesados


edison vara

"Wagner Moura esclarece que diferentemente do que foi dito no vídeo publicado pelo governo federal em suas redes sociais no dia 14 de março, ele não foi contratado pelo MTST para vídeo contra a proposta de reforma da previdência. Wagner participou voluntariamente da mobilização, pois ao contrario do que diz o vídeo do governo, acredita que essa reforma representa mais um enorme prejuízo  aos direitos dos trabalhadores brasileiros", diz nota do ator Wagner Moura, sobre vídeo mentiroso do governo federal, divulgado na noite de ontem, em que o ator foi acusado de ter sido contratado pelo MTST

247 O ator Wagner Moura divulgou nota em que rebate vídeo mentiroso divulgado pelo governo federal na noite de ontem (leia mais em Ideia de jerico: Temer faz vídeo contra Wagner Moura).
 
"Wagner Moura esclarece que diferentemente do que foi dito no vídeo publicado pelo governo federal em suas redes sociais no dia 14 de março, ele não foi contratado pelo MTST para vídeo contra a proposta de reforma da previdência. Wagner participou voluntariamente da mobilização, pois ao contrario do que diz o vídeo do governo, acredita que essa reforma representa mais um enorme prejuízo  aos direitos dos trabalhadores brasileiros", diz a nota.
 
Confira aqui o vídeo mentiroso do Palácio do Planalto...

 
... e aqui o vídeo de Wagner Moura:
 

sábado, 11 de março de 2017

Governador da Paraíba agradece Ciro, Lula e Dilma por transposição do São Francisco na frente de Temer



Da Folha MA:

EM MONTEIRO/PB:  Governador Ricardo Coutinho ,surpreende até Michel Temer e cita Ciro Gomes, Dilma e Lula nos agradecimentos pela obra de Transposição das Águas do Rio do São Francisco.
Vídeo:
Segundo Ricardo Coutinho, o Governo Dilma Rousseff foi responsável pelo pagamento de cerca 70% da obra que vai trazer água do Rio São Francisco à Paraíba.
Se dirigindo à Michel Temer, Ricardo elogiou seguidamente a participação de Dilma Roussef na concretização da obra. “Não poderia por dever de justiça, deixar de me reportar ao governo ao qual o senhor fez parte, o governo da Presidenta Dilma Roussef. Ela foi responsável por 70% do pagamento desta obra, um governo que era de muitos que aqui estão. Não se deixa de apagar da memória do povo nordestino e é preciso relembrar as coisas, assim como fiz com os demais, para que a gente tenha a capacidade e a condição de nos situarmos perante a história”, salientou o Governador.
Ainda durante a sua fala, o governador citou os trabalhos executados pelo ex-ministro Ciro Gomes Para o socialista, quando muitos não acreditavam no projeto, foi Ciro Gomes que fez a Transposição andar.

sábado, 4 de março de 2017

Jeferson Miola: Relato de José Yunes, grande amigo de Temer, esclarece a história do Golpe PSDB-PMDB 2016




por Jeferson Miola
GGN. -No relato ao MP, José Yunes fez revelações esclarecedoras sobre os preparativos do golpe. Sabe-se agora que no processo eleitoral de 2014, Michel Temer e Eduardo Cunha financiaram com propinas as campanhas de 140 deputados oposicionistas que, em contrapartida, assegurariam a eleição de Cunha à presidência da Câmara Federal em fevereiro de 2015.
O depoimento do Yunes é também importante porque elucida o papel do Eliseu Padilha e do doleiro Lúcio Funaro no esquema de Temer e Cunha. Yunes ainda ajuda a entender porque o juiz Sérgio Moro, já em novembro de 2016, atuou como advogado do Temer e anulou as perguntas sobre o próprio Yunes que Cunha direcionou ao presidente usurpador.
Mas as revelações de Yunes ganham maior relevância porque jogam luz nos eventos precedentes da trama golpista, e que eram até então desconhecidos.
Mesmo sendo vice-presidente e candidato à reeleição com Dilma, na eleição de 2014 Temer fez jogo duplo e tomou parte da estratégia conspirativa premeditada com Eduardo Cunha – que foi quem liderou, com Sérgio Cabral e Geddel Vieira Lima, a dissidência peemedebista que aderiu à campanha de Aécio Neves.
Como dissidente, Cunha foi tratado a pão-de-ló por Temer. O plano, como agora se sabe, era eleger uma numerosa bancada de deputados de oposição a Dilma que elegeria Cunha presidente da Câmara Federal, como de fato ocorreu.
Seria ocioso dissertar sobre o poder da presidência da Câmara no acolhimento, no trâmite e, finalmente, na aprovação do impeachment sem fundamento jurídico naquela "assembléia geral de bandidos comandada por um bandido chamado Eduardo Cunha", como a imprensa internacional chamou a sessão da Câmara de 17 de abril de 2016.
O que era suspeita ficou confirmado no relato do Yunes: Temer fez jogo duplo desde o período eleitoral de 2014 até março de 2016, quando anunciou o rompimento formal do PMDB com o governo, passando então a se engajar abertamente – e não mais clandestinamente – no golpe para a deposição da Presidente.
Este período foi marcado por traições e lances folclóricos do Temer, como a falsa neutralidade na eleição para a presidência da Câmara, quando na realidade estava empenhado em eleger Cunha; a sabotagem aos interesses do governo quando Dilma confiou-lhe a tarefa de articulação política; a carta patética com queixas e lamúrias à Dilma, prenunciando a saída do governo; e o agravamento da crise política com o inusitado apelo para se credenciar ao lugar da Presidente – "o país precisa de alguém capaz de reunificar a todos".
É sintomático que, apesar das agressões covardes e canalhices contra a Presidente Dilma, Temer não tenha emitido uma única nota de solidariedade para com sua parceira de governo e chefe constitucional.
Como o Brasil está sob a vigência de um regime de exceção, a denúncia do Yunes não terá os efeitos criminais e políticos que corresponderiam a uma situação de tamanha gravidade, vivesse o país um contexto de normalidade institucional.
Se o Brasil estivesse na plenitude do Estado de Direito, o impeachment fraudulento seria anulado e a Presidente Dilma reconduzida ao cargo para o qual foi eleita com 54.501.118 votos. Temer e Padilha seriam julgados por associação criminosa com Eduardo Cunha e por conspiração para derrubar uma Presidente legitimamente eleita.
Moro, por seu turno, seria demitido do cargo de juiz federal e responderia criminalmente – no mínimo, por prevaricação [sem esquecer a prática corrupta de receber salário acima do teto constitucional].
No contexto do golpe de Estado e do regime de exceção, contudo, a conseqüência máxima da denúncia de Yunes será, se tanto, o afastamento do Padilha, e isso porque sua manutenção no ministério seria de uma indecência insustentável até mesmo para uma oligarquia e uma mídia golpista que perderam todo e qualquer pudor.
Apesar de não gerar as conseqüências devidas, a revelação de Yunes já adquiriu importante valor para a historiografia do golpe; é uma espécie de "wiki leaks" do golpe.
Hoje se sabe que, sem os preparativos armados por Temer e Cunha, a estratégia golpista que foi posta em marcha pelo PSDB, judiciário, MP, PF e pela mídia hegemônica – com a Rede Globo à frente – ficaria seriamente dificultada.


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1 comentário

Comentários

ESPAÇO COLABORATIVO DE COMENTÁRIOS

 
 

É a história definitiva do golpe

Parabéns, meu caro! Esta é a história do golpe, de 2014 a 2016, narrado com uma lucidez extrema, destacando o papel do personagem principal, Michel Temer.
O bom da internet é que, como a circulação das notícias e opiniões não é monopolizada nem filtrada pela grande mídia, se pode chegar a uma versão lúcida da história (ou parte dela) ainda no olho do furacão dos acontecimentos. Antes isto acontecia décadas depois, o que livrava os personagens e a mídia (narradorees) da incoveniência de conviverem com seus atos e mentiras.
Hoje, isto não é mais possível. Para quem é minimamente informado e não fecha os olhos diante da verdade (como certa classe média moralista-morista) a mídia e os políticos de golpe se desmoralizaram antes de o consolidarem. Estamos na era da mentira (pós-verdade), mas[...]ver mais

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

The Guardian: Dilma caiu porque não aceitou compactuar com a bandaleira (como o faz Temer)



Jornal do Brasil e Brasil 247:


'The Guardian': Dilma não aceitou compactuar com política suja do Brasil

Carta de acadêmico a jornal britânico critica governo atual do país 


Adrián Escandar

O jornal britânico The Guardian publica uma carta escrita pelo professor Kevin Dunion, da University of Dundee, onde o também diretor diretor na Faculdade de Direito Executivo do Centro de Liberdade de Informação fala sobre o impeachment da presidente brasileira Dilma Rousseff; segundo ele, "os desafios que Dilma Rousseff enfrentou na limpeza da política brasileira não podem ser subestimados" e ela caiu porque decidiu enfrentá-los



JB – O jornal britânico The Guardian traz na edição desta quarta-feira (28) uma carta escrita pelo professor Kevin Dunion, da University of Dundee, onde o também diretor diretor na Faculdade de Direito Executivo do Centro de Liberdade de Informação fala sobre o impeachment da presidente brasileira Dilma Rousseff.
Leia na íntegra
Os desafios que Dilma Rousseff enfrentou na limpeza da política brasileira não podem ser subestimados. Em 2012, fui contratado pela Unesco para aconselhar o governo sobre a implementação do decreto de acesso à informação que a presidente tinha assinado. Entre as primeiras exigências de divulgação feitas pela imprensa diziam respeito aos detalhes de salários e regalias recebidas por ministros, juízes e funcionários públicos.
Isso levou a uma ação legal por parte dos sindicatos (que haviam negociado acordos lucrativos para seus membros) para tentar impedir a divulgação e uma resistência feroz dentro do governo de coalizão. Quando o assunto foi levado a Dilma Rousseff ela instruiu que a divulgação completa deveria ser feita, começando com seu próprio pacote salarial.
Posteriormente, os detalhes publicados revelaram que um terço dos ministros e quase 4.000 funcionários federais violavam o teto de pagamento estabelecido pela Constituição e estavam ganhando mais do que a presidente. Recompensas infladas eram incluídas e até um salário adicional de seis meses por ano, contabilizados como subsídios de custo de vida ou como licença educacional. 

Paulo Moreira Leite: Aprendendo com a História, Temer pode cair como Nixon



Num país obrigado a procurar caminhos para livrar-se de Michel Temer e escolher seu sucessor em urna, pelo voto direto, interrompendo um processo de destruição de direitos e ameaças crescentes a soberania do país, os brasileiros podem encontrar lições úteis na luta política que produziu a  derrocada de Richard Nixon, o presidente norte-americano forçado a deixar a Casa Branca em 1974.


Ignorando, por um minuto, as imensas distâncias econômicas, políticas e geo-políticas entre os dois países e os dois personagens, é possível encontrar traços razoáveis de semelhança entre o Temer que prometeu resistir com todas as forças a toda tentativa de afastá-lo do cargo, mesmo em caso de decisão judicial, e o comportamento de Nixon no último ano de governo, quando sua permanência na presidência mostrou-se insustentável. Há muita diferença mas um razoável número de semelhanças no esforço de dois presidentes capazes de mobilizar -- de qualquer maneira -- o conjunto das forças do Estado para garantir a própria sobrevivência.
   A saída de Nixon costuma ser descrita como "renúncia", palavra presente na Constituição de quase todos os países, e que transmite a ideia de um ato voluntário, mas não foi isso o que ocorreu. O episódio mostra que  a renúncia, na verdade, deve ser entendida como a última carta na manga de um presidente para escapar de uma situação desfavorável e proteger o próprio futuro.   
   Vitorioso em duas eleições presidenciais, não custa lembrar que Nixon iniciou o segundo mandato com a legitimidade à flor da pele, coisa que Temer jamais possuiu. Venceu o pleito em 48 dos 50 estados americanos, um desempenho histórico.
    Um ano e sete meses depois Nixon deixava a Casa Branca, vencido numa luta inútil e vergonhosa para manter-se no cargo, numa operação  onde multiplicou lances inescrupulosos e ilegais de toda ordem, inclusive mobilizando dinheiro sem origem para pagar operações clandestinas.  Foi um atdo forçado. Enquanto era possível, Nixon exibiu a coreografia de presidente da grande potência imperial do planeta e até  patrocinou golpes de Estado.  Em setembro de 1973, as suspeitas de envolvimento de seus homens de confiança no caso Watergate já estavam nos jornais e provocavam reações de protesto no país. No dia 11 daquele mês ocorreu o golpe contra Salvador Allende no Chile, episódio onde a Casa Branca, Nixon e seu secretário de Estado, Henry Kissinger, tiveram um papel fundamental. A renuncia ocorreu em julho do ano seguinte. 
  O presidente dos Estados Unidos  rendeu-se quando havia a possibilidade de enfrentar um processo de impeachment num Congresso onde a oposição do Partido Democrata tinha maioria nas duas casas. Ele próprio ainda seria obrigado a enfrentar ações na própria Justiça, após a perda do mandato. Já estavam configurados os crimes de obstrução da justiça e abuso de autoridade.
   A trama política que abriu a porta de saída foi um decreto de anistia, envolvendo acusações criminais que o atingiam Nixon diretamente. O pacto permitiu ao presidente salvar a própria pele, num momento em que dois assessores diretos cumpriam pena de prisão e cinco haviam feito confissões a Justiça para escapar de uma condenação criminal em função do escândalo  Watergate, frente de batallha onde a Casa Branca sofreu derrotas sucessivas e desde o início operou para ganhar tempo e atrasar investigações. O perdão foi negociado com o vice Gerald Ford e assinado em seu primeiro dia no lugar do titular. Pelo acordo, Nixon livrou-se de todas as acusações já existentes contra ele, como obstrução da justiça e abuso de de poderes. Também ficou previamente livre de qualquer outra denuncia que pudesse aparecer -- e que deveria ser imediatamente arquivada.
    A imagem de Nixon na saída da Casa Branca, na porta de um helicóptero, mostra um cidadão de braços abertos e um sinal de paz e amor nas duas mãos, um imenso sorriso nos lábios. A cena mostra um país em busca de pacificação mas, na prática, Nixon deixou o posto como náufrago de uma tragédia em três atos.
     Fez um governo de prolongada crise econômica, desemprego alto e crescimento baixo. Nunca foi capaz de dar uma resposta convincente ao principal problema político do país -- a guerra do Vietnã -- o que provocou uma insurreição permanente da juventude e dos setores progressistas da sociedade norte-americana, que encurralaram o governo com protestos amplos e crescentes. Na mesma década de 1960, do festival de Woodstock, cujo lema era Paz e Amor,  ocorreram protestos em Washington, um deles com a mobilização de 600.000 pessoas. Em 2500 universidades ocorreram protestos contra a guerra e em pelo menos 10% delas ocorreram confrontos violentos com a polícia.
     Neste contexto,  Watergate mobilizou as atenções país porque desde o início as investigações trouxeram sinais  robustos que apontavam para o envolvimento de homens de confiança do presidente -- nada que os brasileiros não estejam vendo em seu país, vamos combinar.  Num esforço para embaralhar as investigações, Nixon chegou a mobilizar a CIA para criar obstáculos ao FBI, que desde o início se encontrava a frente da apuração -- soube-se depois que seu vice diretor foi a fonte principal dos repórteres do  Washington Post que deram o furo sobre o caso. Quando surgiram indícios de que o próprio Nixon poderia estar envolvido, o procurador-geral solicitou à Casa Branca que entregasse as gravações que desde a década anterior registram todos os diálogos telefônicos no gabinete do  presidente dos Estados Unidos. Nixon enviou uma cópia editada, da qual trechos comprometedores haviam sido eliminados. Em decisão unânime, inclusive com apoio de seu presidente, escolhido pelo próprio Nixon, a Suprema Corte  determinou que o presidente entregasse as fitas -- em sua versão original. Em vez de atender a ordem, Nixon refugou, alegando que não iria divulgar informações de natureza confidencial.  A Suprema Corte repeliu o argumento e o presidente desistiu. Negociou a renuncia e deixou o cargo 16 dias depois.
    Ninguém deve imaginar que neste episódio encontra-se uma fórmula política aplicável em toda parte. Até porque há distinções notáveis entre os personagens e instituições envolvidas. Aqui estão os principais ensinamentos.
    Longe do papel que viria a desempenhar em 2000, quando decidiu uma eleição a favor de George W Bush, numa postura abertamente favorável ao candidato republicano, em 1974  a atuação da Suprema Corte honrou a independência da Justiça, dando sequencia a uma exigência natural de toda investigação, que é a busca de provas. Não condenou Nixon, não determinou seu afastamento nem o arquivamento do caso. Fez seu papel sem tomar partido político. O mesmo se pode dizer do FBI e do procurador encarregado do caso. Prestando-se a um serviço de natureza política-partidária, a CIA desmoralizou-se, tornando-se alvo de uma investigação a fundo sobre seus métodos de trabalho.   
   É um comportamento que marca uma notável diferencia com a condução do processo no Brasil, onde o caráter seletivo dispensa comentários e justificativas. O  comportamento messiânico das investigações já preocupa até mesmo grandes aliados da Lava Jato, como seu principal porta-voz nos meios jurídicos, o jornal Estado de S. Paulo, que nas últimas semanas elevou o tom de críticas que até agora pareciam limitadas aos aliados do PT. "Num momento em que a justa indignação nacional contra a corrupção começa a alimentar a irracionalidade de paixões pretensamente moralizantes, o império da lei passa a ser visto como óbice e não como condição indispensável ao progresso e à justiça social." Braço civil do golpe de 64, o Estadão levou quatro anos -- até o AI-5 -- para consumar um afastamento com os militares que derrubaram João Goulart. É sintomático que essa visão seja veiculada agora. Passaram-se apenas quatro meses desde a instalação definitiva da ordem que levou Temer ao Planalto, processo definido como "encenação" por Joaquim Barbosa, como "truculento" pelo professor Oscar Vilhena Vieira, da FGV.
  Nesta situação, o caráter dependente e subalterno do governo Temer, que impõe ao país que uma depressão que não  tem a ver com uma recessão convencional, mas é um processo deliberado de destruição estrutural de instrumentos de crescimento econômico e bem-estar social, joga contra sua sobrevivência. Suas contradições já se tornaram visíveis na reação popular contra o desmonte dos governos estaduais, instituições legítimas da República, com uma função insubstituível na prestação de serviços públicos procurados pela maioria da população. Um primeiro alerta já foi exibido na aprovação da PEC 55, por uma margem de votos ínfima diante de votações anteriores.
   No Brasil de 2016, a mobilização popular e a resistência dos setores atingidos diretamente por medidas anti-sociais do governo deve desempenhar um papel ainda mais importante nos rumos da crise. Ao tentar abrir o mercados das aposentadorias ao setor privado, o governo provocou uma reação nacional de indignação, que mobiliza inclusive sindicatos que se mobilizam a seu favor. Ali, na reforma da Previdência, Temer pode encontrar o Vietnã que vai assinalar o fim de seu governo.  

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Quem com golpe golpeia com golpe será golpeado, por Esmael Morais



pmdb_golpeA queda de Renan Calheiros por uma liminar consolidou aquela máxima segunda a qual quem com golpe golpeia com golpe será golpeado.


Primeiro derrubaram Dilma Rousseff por meio de um golpe de Estado.
Depois foi a vez de Eduardo Cunha ser golpeado pelos próprios golpistas, o que pode ser considerado um golpe no golpe – ainda em curso.
Renan Calheiros foi o terceiro a tomar um golpe na cabeça.
O próximo na fila é o ilegítimo Michel Temer, que não cansa de perguntar-se com sua indefectível mesóclise: também golpear-me-ão?
É o tal efeito bumerangue.
Portanto, eles podem tirar um ensinamento pedagógico e quase bíblico: quem com golpe golpeia com golpe será golpeado.

Fonte: Blog do Esmael Morais

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

O ilegítimo Temer no desmonte do Estado: o Golpe continua, por Leonardo Sakamoto

Resultado de imagem para desmonte do estado brasileiro

Setores econômicos golpistas (Fiesp, Globo, etc.) dobraram a pressão sobre o governo Michel Temer, na última semana, para que ele corra com seu pacote de reformas a fim de reduzir o tamanho do Estado brasileiro. A justificativa pública é a retomada do crescimento econômico. Na prática, o momento é a oportunidade, já frustrada muitas vezes no último quarto de século, de implantar um outro projeto de país. Um projeto de um país para servir mais a empresas e menos a trabalhadores.

Isso não é novidade e é a razão, aliás, de seu grupo político ter tido sucesso no processo de impeachment de Dilma Rousseff. Não que ela acreditasse em um modelo de desenvolvimento sustentável e includente – basta ver o que é o crime chamado Belo Monte, menina de seus olhos. Mas apenas um governo que não foi eleito e que, por enquanto, não pode ser reeleito (por conta da lei da Ficha Limpa) e, por isso, não está preso à viabilidade eleitoral, é capaz de aprovar uma quantidade grande de propostas e projetos que enfiam o futuro do trabalhador mais pobre tanto na lama.

Pelo menos, é isso que o povo do dinheiro e seus representantes acreditava. Agora, estão vendo que as coisas são mais difíceis do que imaginavam. Não por conta da resistência da – agora – oposição, que não têm essa competência toda. Mas por sua incompetência política e suas próprias trapalhadas que fazem uma cena de Didi, Dedé, Mussum e Zacarias parecer Shakespeare.

Em outras palavras, tem gente cobrando a fatura e fazendo Michel começar a suar.

Desde a 1988, ao mesmo tempo que defendia a liberdade na economia, a Constituição previu que o poder público devia ser o responsável pela garantia da dignidade da população brasileira. Isso, é claro, fez com o Estado assumisse uma série de políticas que significam mais gastos. Agora, em momento de crise, busca-se jogar pela janela essas políticas que, não se engane, não voltarão no período de vacas gordas.

A sociedade mudou, a estrutura do mercado de trabalho mudou, a expectativa de vida mudou. Portanto, as regras que regem as relações trabalhistas e a Previdência Social podem e devem passar por discussões de tempos em tempos. E, caso se encontrem pontos de convergência que não depreciem a vida dos trabalhadores, não mudem as regras do jogo no meio de uma partida e atendam a essas mudanças, elas podem passar também por uma modernização.

Da mesma forma, entende-se que estamos em uma grande crise econômica e sacrifícios serão necessários. Mas o governo não pode aprovar, a toque de caixa, medidas que limitam o crescimento de investimento público nos próximos 20 anos, sem um debate mais profundo com a sociedade. Porque isso afetará os mais pobres e deixará os mais ricos passando ilesos pela turbulência.

Essa discussão não pode ser conduzida de forma autoritária ou em um curto espaço de tempo. Pois as medidas não devem servir para salvar o caixa público, o pescoço de um governo e o rendimento das classes mais abastadas, mas a fim de readequar o país diante das transformações sem tungar ainda mais o andar de baixo. Por exemplo, falar em imposição de uma idade mínima para aposentadoria sem considerar que os mais pobres começam a trabalhar mais cedo em atividades insalubres e morrem antes é desconhecer a realidade. Ou demonstrar muita má fé.

E o pior de tudo é que o discurso está sendo construído de forma que os trabalhadores achem muito justas as mudanças que vão lhes tirar direitos sem uma consulta prévia. No melhor estilo ''perdoa-me por me traíres'', de Nelson Rodrigues.

Porque, afinal de contas, uma eleição é exatamente isso: uma consulta sobre um projeto de governo ou de país que se quer implantar.

Não me perguntaram se quero reduzir o Estado brasileiro a ponto dele não ser capaz de garantir a qualidade de vida dos mais pobres. Perguntaram para vocês?

Se, em uma eleição presidencial, ganhasse uma candidatura que defenda abertamente tudo isso, ao menos o povão terá sido consultado sobre fatos que interferem em sua vida. E, se o rojão estourar lá na frente, será culpa de todos os envolvidos – inclusive eleitores.

Mas, neste momento, há uma tentativa de aproveitar um período de limbo de representatividade política e de alcance de legitimidade para ignorar a Constituição de 1988 e refundar a República – reduzindo o poder de fiscalização e de regulação do Estado ou mesmo de sua presença e ação.

Então, volto a uma ideia que já havia trazido aqui. Quero um plebiscito (também pode ser um referendo) para que o povo decida sobre o direito a terceirizar todas as atividades de uma empresa, sobre a reforma da Previdência com a imposição da idade mínima de 65 anos, sobre sindicatos e patrões poderem fechar acordos mesmo que esses desrespeitem direitos previstos na CLT, sobre a limitação do crescimento do investimento público citando as áreas que serão atingidas, sobre o afrouxamento do combate ao trabalho escravo por pressão de algumas empresas e certos fazendeiros, entre outros temas.

É claro que considero um risco incalculável uma maioria deliberar sobre direitos fundamentais, principalmente de minorias, em referendos e plebiscitos. Primeiro porque, não apenas no Brasil, mas em outros países, a percepção coletiva sobre o respeito aos direitos humanos é muito frágil. E a quantidade de informação sobre o outro (de que ele não é uma ameaça) e o nível de consciência da população são, simultaneamente, muito baixos. O que é uma mistura explosiva.

Porém, esse pacotão de medidas que está sendo tocado pelo governo federal, pelo Congresso Nacional e até pelo Supremo Tribunal Federal (que não deveria, mas tem decidido com cabeça de Poder Executivo) não tem respaldo popular e vai colocar em risco a efetividade de direitos fundamentais. Então, acho que a consulta é válida.

O debate público que se originaria disso seria, a meu ver, extremamente saudável para a população entender e discutir que tipo de Estado quer ter.

Eu também perguntaria sobre taxar grandes fortunas, ampliar a taxação de grandes heranças, aumentar a cobrança sobre as sonegações fiscal e previdenciária, retornar com o imposto de 15% sobre lucros e dividendos recebidos por donos e acionistas de empresas e reduzir o limite de jornada de trabalho semanal de 44 para 40 horas sem redução de salário.

Imagino que o povo que está passando a fatura a Michel Temer tem ojeriza a essas ideias, ou seja, bloqueariam a tentativa. E preferem até ''trocar'' novamente de presidente, caso este não aplique, no tempo que eles desejam, a agenda de redução do Estado. Já aprenderam que tirar e por presidente é bem, mas bem mais fácil do que ganhar no MasterChef.


Leonardo Sakamoto