sábado, 1 de maio de 2021

Como Bolsonaro consegue se manter? Questiona o jornal francês Le Monde

 

Ultrapassando os 400 mil mortos por Covid-19, jornal francês fala em "onipresença da morte" no Brasil


Do Jornal GGN citando o jornal francês Le Monde:

Do Le Monde

A onipresença da morte, a chave do fatalismo brasileiro diante da Covid-19

A pandemia atinge fortemente um país em grave crise econômica, historicamente marcado pela violência e onde cada dia triunfa mais o ‘cada um por si’

Por Bruno Meyerfeld

Análise. A pergunta segue vigente: como ele consegue se segurar? Jair Bolsonaro é certamente um homem acostumado às tempestades. Mas enquanto o Brasil, devastado pela variante P1, banido no cenário internacional, tem mais de 400.000 mortos da Covid-19 e afunda cada vez mais na carnificina humanitária, todos se perguntam sobre a surpreendente capacidade de resiliência do líder da extrema direita.

Sua responsabilidade no drama em curso é, no entanto, devastadora: Jair Bolsonaro negou sucessivamente a epidemia, impediu qualquer medida de contenção, recusou-se a negociar vacinas, atrasou os planos de imunização. Em qualquer outra democracia, é difícil imaginar um líder assim permanecendo no topo do estado. E, no entanto, contra todas as probabilidades, aqui está o presidente ainda firmemente ancorado no poder, com uma popularidade intacta entre 25% a 30% da população e uma sólida maioria no Parlamento.

Colapso vertiginoso

Por um ano, nenhuma manifestação em massa veio para questionar seu governo. Ao contrário dos chilenos, argelinos, libaneses, iraquianos ou de Hong Kong, os bravos brasileiros não enfrentaram a Covid-19 para ir às ruas e gritar sua raiva, contentando-se com desfiles de carros pequenos e concertos de maconha. Protestos que parecem muito tímidos, senão insignificantes, em comparação com o colapso vertiginoso do país.

As principais razões para esta situação são conhecidas: parte inabalável de popularidade entre sua base militante, crise econômica, medo do retorno da esquerda ao poder, acordo político inteligente negociado com parlamentares do centro. Mas isso não explica tudo. Porque a crise da Covid-19 atualizou um dado mais profundo e essencial, permitindo que Jair Bolsonaro permaneça no poder: o relatório da morte no Brasil.

No imaginário, o Brasil é um país festeiro associado ao carnaval, ao samba, ao futebol e à caipirinha, o coquetel nacional. O país sempre exportou, com vontade e com sucesso, a sua imagem de democracia mista, “terra do futuro”, de alegria de viver e de amor fácil. O Brasil, este gigante pacífico “eternamente estendido no seu berço sublime” , como até proclama o Hino Nacional.

Nada, entretanto, está mais longe da verdade. O Brasil é, acima de tudo, um país violento.

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