terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Damares Alves é “figura perigosa” porque “trata com deboche temas sérios”


Seus argumentos baseados unicamente no comportamento moral pregado pela Igreja evangélica neopentecostal ignora a realidade brasileira
Jornal GGN Damares Alves é “uma figura perigosa” justamente porque “trata com deboche temas sérios”, afirmou em entrevista ao El País a pedagoga e teóloga Valéria Vilhena, fundadora do grupo Evangélicas pela Igualdade de Gênero.
Vilhena criticou à reportagem os argumentos utilizados por Damares para transformar a abstinência sexual, uma pauta conservadora e religiosa, em política pública de enfrentamento às doenças sexualmente transmissíveis e à gravidez precoce.
A ministra da Família e Direitos Humanos não tem apresentado dados científicos que provam que a abstinência será eficiente nos problemas em pauta. Ao contrário: na semana passada, a imprensa teve acesso à nota técnica que a ministra tem distribuído para formar e informar funcionários públicos a respeito do novo programa.
Nesse documento consta que jovens sexualmente ativos tendem a se afastar da Igreja e da família. Além disso, têm comportamento antissocial e delinquente. Não suficiente, a nota ainda afirma que ensinar métodos contraceptivos “normaliza” o sexo adolescente.
Publicamente, contudo, Damares nega que seja contra os contraceptivos. Mas seus argumentos baseados unicamente no comportamento moral pregado pela Igreja ignora a realidade brasileira.
Quando foca exclusivamente na maturidade do jovem para fazer sexo, a ministra esquece de informar que várias doenças são preveníveis com camisinha e, além disso, marginaliza o debate sobre estupro na adolescência.
“Damares não leva em consideração dados e estudos que mostram que a maioria dos estupros ocorrem em meninas de até 13 anos. Quando falamos de gravidez precoce, não estamos falando de meninas que ainda são imaturas e que resolveram fazer sexo de maneira irresponsável. Estamos falando de meninas vulneráveis que sofrem abusos”, acrescenta Vilhena.

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