sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Muçulmanos e Judeus se unem em manifesto contra a figura fascista de Bolsonaro






Grupos religiosos que são considerados contrários já se uniram em outra situações contra o ódio e a segregação. Na foto, um protesto nos EUA contra o banimento de muçulmanos, em 2017, reuniu judeus - Imagem: Chicago Tribune
 
Jornal GGN"Nós, muçulmanos e judeus, que conhecemos os horrores da islamofobia e do antissemitismo, temos a sensibilidade aguçada para perceber que, entre todas as barbaridades proferidas por este candidato, a mais emblemática, por atingir vários segmentos, foi a de que as minorias devem se curvar à maioria."
 
A declaração é de 10 entidades e coletivos de muçulmanos e judeus que, juntos, representam cerca de 15 mil pessoas assinando o manifesto conjunto contra a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL), como representante da intolerância no futuro do país.
 
"Judeus e Muçulmanos unidos: Fascismo não!", exclamam e é também o título da nota conjunta, que alerta para o "segregacionismo excludente" e a "onda de ódio fomentada no país", abrindo caminho ao cenário da ameça fascista, "solo fértil às hostilidades de raça, gênero e todas as demais discriminações sociais, hoje personificadas na figura de Jair Bolsonaro".
 
Destacando a bandeira de ambas as religiões, que informam ser "comum", os coletivos buscar "barrar toda a forma de violência e de preconceito".
 
"Manifestamos o nosso mais profundo repúdio a todas as formas de intolerância que possam comprometer o convívio salutar dos cidadãos com todas as suas diferenças, sejam religiosas, de gênero, de cor ou de ideologia política. Ressaltamos que nossa luta não se restringe apenas à figura pessoal do candidato, mas a tudo que ele representa e todos os que reproduzem o seu discurso", concluíram.
 
Abaixo, o manifesto na íntegra:
 
JUDEUS E MUÇULMANOS UNIDOS: FASCISMO NÃO!
A cultura de tolerância religiosa é recente no Brasil. Nas raízes de nossa formação, encontra-se o massacre cultural imposto aos povos indígenas e africanos, obrigados a renunciar a suas crenças originárias e aceitar o poder dos senhores, aliados à estrutura da Igreja Católica. Com a tolerância advinda em meados do século passado, a partir do Concílio Vaticano II, uma nova onda de intolerância religiosa ganha ímpeto com o fanatismo de parte dos evangélicos neopentecostais, tendo como principais alvos as religiões de matriz africana.
Mesmo com os avanços legais que tornaram o Brasil um dos países mais avançados na criminalização do racismo e da discriminação religiosa, permanece em boa parte da sociedade brasileira o sentimento abafado do segregacionismo excludente. Na onda de ódio fomentada no país, nos últimos anos, a resistência cultural-religiosa desses povos passou a incomodar os setores de extrema direita, que passaram a ameaçar novamente a imposição de restrições às religiões não-cristãs, e a disseminar o medo.
Esse comportamento de uma parte da sociedade abre caminho ao cenário da ameaça fascista, solo fértil às hostilidades de raça, gênero e todas as demais discriminações sociais, hoje personificadas na figura de Jair Bolsonaro. Seu discurso deixa claro o intento de subjugar as minorias.
Os discursos de ódio, ironicamente, têm se aproveitado da liberdade de expressão, que não tem proteção contra a livre circulação de ideários fascistas.
Nós, muçulmanos e judeus, que conhecemos os horrores da islamofobia e do antissemitismo, temos a sensibilidade aguçada para perceber que, entre todas as barbaridades proferidas por este candidato, a mais emblemática, por atingir vários segmentos, foi a de que as minorias devem se curvar à maioria. Essa frase ecoa fundo no coração daqueles que sofrem diariamente a brutalidade do preconceito e da não aceitação, contrariando a nossa Constituição, que nos garante o direito de vivermos em um Estado Laico. As minorias religiosas se sentem ameaçadas em seus direitos à prática de seus cultos, e até mesmo, nas suas existências.
O discurso de ódio fomentou a união de muitos subsetores existentes nas mesmas minorias, e nos une contra o inimigo comum. Manifestamos o nosso mais profundo repúdio a todas as formas de intolerância que possam comprometer o convívio salutar dos cidadãos com todas as suas diferenças, sejam religiosas, de gênero, de cor ou de ideologia política. Ressaltamos que nossa luta não se restringe apenas à figura pessoal do candidato, mas a tudo que ele representa e todos os que reproduzem o seu discurso.
Nossa bandeira comum, como muçulmanos e judeus é barrar toda forma de violência, de preconceito e qualquer outro elemento que dê base ao projeto fascista desse homem e de seus seguidores.
Muçulmanos e judeus vão permanecer unidos depois das eleições de 2018. Nossa luta é perene, enquanto existirem nesse país sementes de fascismo, lá estaremos para tornar esse solo cada vez mais impermeável a esta ideologia.
ASSINAM ESTA NOTA PÚBLICA:
MUÇULMANOS CONTRA BOLSONARO
COLETIVO MUÇULMANAS E MUÇULMANOS CONTRA O GOLPE
MESQUITA SUMAYYAH BINT KHAYYAT – COMUNIDADE MUÇULMANA DE EMBU DAS ARTES-SP
MUÇULMANAS EM MANIFESTO CONTRA O FASCISMO
JUDEUS CONTRA BOLSONARO
FRENTE JUDAICA PARA OS DIREITOS HUMANOS
ARTICULAÇÃO JUDAICA
MERETZ BRASIL
MOVIMENTO DEA MULHERES "ME DÊ A SUA MÃO"
FORUM DE JUDEUS SIONISTAS-SOCIALISTAS PRÓ-PALESTINA

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