Luis Nassif entrevista Bruno Paes Manso, do Centro de Estudos da Violência da USP; entre os temas, a figura do crime dentro da sociedade

Jornal GGN – Um dos temas centrais para se entender o que houve de deterioração das instituições, é o avanço do crime organizado. Como exemplo, pode-se citar o avanço da influência do jogo do bicho e, posteriormente, do PCC (Primeiro Comando da Capital) e as milícias, mas também existe um contexto histórico que precisa ser abordado quando o assunto é o avanço do crime organizado pela sociedade e pela política do Brasil.
“O crescimento das cidades, nos anos 50 e 60, quando as populações e o processo de urbanização e industrialização são muito intensos, e as pessoas passam a ter um certo receio e medo dessa cidade nova que se forma, nas favelas, uma certa impressão de que a cidade estava fugindo ao controle, e com os processos de polícias agindo de forma violenta como se, dessa forma, conseguia se controlar essa ameaça de desordem que as cidades começavam a viver, retomando desde a história dos Esquadrões da Morte nos anos 60, e que se intensifica durante a ditadura”, explica Bruno Paes Manso, do Centro de Estudos da Violência da USP (Universidade de São Paulo) e autor do livro República das Milícias (Todavia, 2020).
Em entrevista ao jornalista Luis Nassif, Manso diz que “a guerra ao crime, o uso da violência, é uma forma de impor autoridade e construir uma espécie de ordem”, e que “isso dialoga totalmente com o surgimento dos DOI-CODS ao redor do Brasil – operação Bandeirantes primeiro, e depois os DOI-CODS (…) No Rio de Janeiro, muitos dos policiais que atuavam nos Esquadrões da Morte vão trabalhar nos porões da ditadura militar, no combate à guerrilha ao longo de 69 a 74.
Manso explica que, com o processo de abertura e a chegada da redemocratização, esses militares vão perdendo espaço e, com o Exército da democracia, “eles vão percebendo que é hora de sair e ganhar dinheiro com o crime, muitos aproveitando as conexões que eles tinham desde a época dos Esquadrões da Morte, pois muitos dos policiais dos Esquadrões da Morte e dos porões tinham essa ligação muito estreita com as contravenções, e fazem a ponte também com os militares”.
Confira a íntegra da entrevista com Bruno Paes Manso no link abaixo
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