segunda-feira, 9 de novembro de 2020

O avanço das milícias sobre as instituições, rescaldo da Ditadura Militar. Entrevista de Luis Nassif com Bruno Paes Manso

 

Luis Nassif entrevista Bruno Paes Manso, do Centro de Estudos da Violência da USP; entre os temas, a figura do crime dentro da sociedade


Bruno Paes Manso, pesquisador do Centro de Estudos da Violência da USP (Universidade de São Paulo) e autor do livro República das Milícias (Todavia, 2020). Foto: Reprodução/USP

Jornal GGN Um dos temas centrais para se entender o que houve de deterioração das instituições, é o avanço do crime organizado. Como exemplo, pode-se citar o avanço da influência do jogo do bicho e, posteriormente, do PCC (Primeiro Comando da Capital) e as milícias, mas também existe um contexto histórico que precisa ser abordado quando o assunto é o avanço do crime organizado pela sociedade e pela política do Brasil.

“O crescimento das cidades, nos anos 50 e 60, quando as populações e o processo de urbanização e industrialização são muito intensos, e as pessoas passam a ter um certo receio e medo dessa cidade nova que se forma, nas favelas, uma certa impressão de que a cidade estava fugindo ao controle, e com os processos de polícias agindo de forma violenta como se, dessa forma, conseguia se controlar essa ameaça de desordem que as cidades começavam a viver, retomando desde a história dos Esquadrões da Morte nos anos 60, e que se intensifica durante a ditadura”, explica Bruno Paes Manso, do Centro de Estudos da Violência da USP (Universidade de São Paulo) e autor do livro República das Milícias (Todavia, 2020).

Em entrevista ao jornalista Luis Nassif, Manso diz que “a guerra ao crime, o uso da violência, é uma forma de impor autoridade e construir uma espécie de ordem”, e que “isso dialoga totalmente com o surgimento dos DOI-CODS ao redor do Brasil – operação Bandeirantes primeiro, e depois os DOI-CODS (…) No Rio de Janeiro, muitos dos policiais que atuavam nos Esquadrões da Morte vão trabalhar nos porões da ditadura militar, no combate à guerrilha ao longo de 69 a 74.

Manso explica que, com o processo de abertura e a chegada da redemocratização, esses militares vão perdendo espaço e, com o Exército da democracia, “eles vão percebendo que é hora de sair e ganhar dinheiro com o crime, muitos aproveitando as conexões que eles tinham desde a época dos Esquadrões da Morte, pois muitos dos policiais dos Esquadrões da Morte e dos porões tinham essa ligação muito estreita com as contravenções, e fazem a ponte também com os militares”.

Confira a íntegra da entrevista com Bruno Paes Manso no link abaixo

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