quinta-feira, 16 de agosto de 2018

O Prêmio Nobel de economia Paul Krugman explica porque o socialismo, frente à aberração direitista Trump, está crescendo nos Estados Unidos



PÔSTER DOS SOCIALISTAS DEMOCRÁTICOS DA AMÉRICA: SOCIALISMO OU BARBÁRIE (DSA)

Para Nobel de economia, republicanos promovem o socialismo ao rotular políticas de bem estar social como "socialistas"


Publicação em Inlgês no Alternet
Por Cody Fenwick
Tradução de Cynara Menezes

Os conservadores norte-americanos estão constantemente se descabelando para advertir o país de que o crescente apoio ao socialismo logo colocará os Estados Unidos no caminho da ruína, como a Venezuela.

Enquanto isso, figuras políticas como o senador independente Bernie Sanders e a candidata ao congresso por Nova York Alexandria Ocasio-Cortez, que se autointitulam socialistas democráticos, ganham o entusiasmo dos eleitores e a atenção do país, e muitos suspeitam que suas visões estão ganhando força dentro do Partido Democrata. E, de acordo com uma pesquisa recente do Gallup, mais democratas têm uma visão positiva do socialismo (57%) do que do capitalismo (47%).

O economista Paul Krugman, ganhador do Nobel em sua área em 2008, argumentou no twitter nesta quarta-feira que, apesar de suas terríveis advertências, os conservadores devem apenas culpar a si mesmos pela popularidade do socialismo. “Ando fazendo alguma pesquisa histórica sobre por que tantos norte-americanos agora dizem que apoiam o socialismo. É realmente importante admitir que os republicanos têm sistematicamente identificado a rede de proteção social com o socialismo”, ele escreveu.

Por exemplo, em 2008 John McCain chamou de “socialismo” as propostas de Barack Obama para um atendimento universal de saúde nos EUA (algo como o brasileiro SUS).

Em 2012, Mitt Romney concorreu contra Obama e disse que o então presidente queria trazer “as políticas socialistas europeias” para os Estados Unidos –referindo-se a países como a Dinamarca.

E quando o socialista democrático Sanders fala sobre sua visão política, ele explicitamente diz que gostaria de tornar os EUA mais parecido à Dinamarca. “Se você acha que a Dinamarca parece bacana, os republicanos dizem que você é socialista, e então as pessoas começam a achar que o socialismo parece bacana. Se os republicanos pretendem que apoio ao ‘socialismo’ significa controle do governo sobre os meios de produção, é propaganda enganosa”, Krugman escreveu. “Quer dizer, eu sei que Trump e outros têm problemas com geografia, fusos horários e tudo mais, mas a Dinamarca não é o mesmo país que a Venezuela.”

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Um aspecto dessa dinâmica que Krugman não mencionou é a concepção conservadora do “capitalismo”. Os republicanos frequentemente tentam aplicar a si mesmos o rótulo de defensores do capitalismo –o que, para eles, significa uma forma de capitalismo muito limitada, desigual e frequentemente perversa. Este estigma pode afastar as pessoas do capitalismo tanto quanto pode afastar do socialismo.

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Mas, enquanto os republicanos distorceram o debate, tornando-o uma discussão sobre grandes questões filosóficas, quando candidatos como Sanders e Ocasio-Cortez são pressionados sobre que políticas exatamente querem, muitas das respostas deles são na verdade bastante populares: atendimento universal de saúde, maior acesso à educação superior, um salário mínimo maior, regulação inteligente do setor financeiro e dos poluidores, maiores impostos sobre os que podem pagar por eles e maior apoio às famílias e crianças.

Não importa que estas políticas sejam chamadas de “socialismo”, “socialismo democrático”, “social-democracia” ou qualquer outro rótulo, elas claramente angariam um enorme entusiasmo. E se os conservadores tentam atacar estas políticas usando o epíteto de “socialista” contra elas, estão apenas aumentando o apoio ao socialismo.

Publicado originalmente no Alternet


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